Circum-navegando as repercussões socio-mediáticas do contexto pandémico
No último ano, perante a pandemia, entramos numa sociedade de quarentena, o teor da vida social que se instalou foi, na maioria dos casos, o da suspensão e sobrevivência. A realidade mostrou o seu rosto mais imprevisível e opaco, indiferente às nossas expetativas e aos nossos habitus culturais.
Com a eclosão da pandemia entrámos em uma temporalidade histórica que teríamos a tentação de definir como excecional, representativa de uma clivagem epocal. Todavia, assim fazendo, correríamos o risco de cair naquela presunção cultural que o sociólogo Jib Fowles definiu com o termo de "cronocentrismo". Quando em 1974 Fowles escreveu na revista Futures que cada época e geração histórica têm a tendência em se acharem, ingenuamente, únicas e decisivas, representando o próprio tempo como mais importante do que os outros períodos na história, queria chamar a atenção sobre o enviesamento da compreensão histórica por parte das culturas focadas no próprio presente. Tal enviesamento poderia implicar e levar para uma atitude autocelebratória, bem como de vitimização. Porém, explicava o sociólogo, é comum às diferentes gerações que se alternam no palco da história partilhar narrativas sobre o próprio tempo alinhadas com esta ideia de excecionalidade memorável. Neste sentido, é exemplar a recente reedição pala VS editora do livro Reflexões sobre a mentira, publicado em 1943 pelo filósofo Alexandre Koyré, cujo incipit é: "Nunca se mentiu tanto como nos nossos dias. Nem se mentiu de forma tão descarada, sistemática e constante".
Circum-navegando as repercussões socio-mediáticas do contexto pandémico
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O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.