Sábado – Pense por si

Pedro Duro
Pedro Duro
15 de abril de 2024 às 07:00

O embrulho

Ela era como os embrulhos da minha avó: um deleite para a vista que valia só por si, destacando-se sem agredir, como se fosse natural que aquela flor brotasse ali e ao mesmo tempo nos maravilhasse por isso.

Se há algo de que me recordo dos Natais na Avenida de França é dos embrulhos da minha avó. A cor do papel tomava conta da sala. Todos os anos havia um intervalo de cores de referência – que não me lembro de ver repetido –, dividindo-se as prendas em dois grupos: um escuro para os mais velhos e um claro para as crianças. Num ano em que o bordeaux se destinasse aos crescidos, o laranja seria para as crianças; noutro ano em que o azul-marinho fosse para os grandes, o azul-bebé seria para os pequenos. A decoração do papel era discreta, pontuada de uma festividade sóbria, às vezes com pequenos sinos, outras com flocos de neve que, ao longe, se disfarçavam de estrelas. Os laços distinguiam cavalheiros e senhoras, tal como distinguiam infantes e infantas, com cores a contrastar com os tons dos papéis. E havia a execução, primorosa, como se os embrulhos fossem a própria oferta.

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