Sábado – Pense por si

Miriam Assor
Miriam Assor
08 de outubro de 2024 às 20:56

Do Amor Hospitalar

A obra do saudoso António Arnaut se ainda se mantém de pé não se deve a este governo, nem a de nenhum governo, ministros da saúde têm sido uma passerelle de almas que desconhecem a vida hospitalar e inventam soluções.

Quem abrir a goela para falar mal de quem trabalha no serviço nacional de saúde, que os médicos ganham o que não merecem, enfermeiros a enriquecerem de úmeros cruzados, auxiliares a passearem nos corredores, vá à urgência do hospital de São José. Vá. Caos, chão que fazem de cama, senhores doutores a auscultarem um peito na porta da TAC, gabinetes sem cadeiras e a médica Raquel a pedir desculpa pois apenas resta a marquesa. Homens, mulheres, idosos desde a manhã que esperam que os seus nomes sejam chamados e já passam das seis da tarde. Não há ninguém que ali trabalhe que não demonstre amor. De caminho, siga para o serviço da gastroenterologia do hospital dos Capuchos. Vai ver o inimaginável. Um canto do mundo pautado de humanidade, generosidade e profissionalismo. Quando a saúde cai e só nos resta a antibióticos e corticóides a furar as veias, exames e tubos sabe-se lá onde, há, para além do rigor clínico, a palavra, o gesto, olhos que sossegam; são de compaixão. Aqui, onde as camas têm grades e os braços cateteres, o dia e a noite são pedras de medo e solidão, a equipa de enfermagem consegue clarear o escuro do doente e coloca-se no lugar do sofredor. Não é fantasia o que se diz neste texto. Amor.

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