E, verdade seja dita, quer a gente quer ir dar um salto ao supermercado para ir buscar mais um pacote de arroz para lhe juntar atum para o almoço dos netos, e lá estão uma catrefada de velhos a empatar a gente. Parece que fazem de propósito.
Eu tenho cá pra mim que uma boa maneira de acabar com a abstenção era a gente podermos votar por o telefone, assim com um daqueles números 760, palmas, 300, palmas, 300. E podíamos votar as vezes que a gente quiséssemos.
E isto sem falar dos duzentos litros de gasóil, claro. A gente até tivemos de deitar ao lixo mais de metade da mobília da sala, para caber. Agora a mesa de jantar são três tábuas apoiadas em quatro jerricans.
O que eu gosto de ver aquele homem trabalhar! Aquele perfil, aquela elegância! Não é que eu não goste, eu cá sou franca, do Professor Marcelo. Eu cá gosto. Mas acho que também não pertence um presidente andar por aí aos beijinhos a toda gente.
Deixe de lado as dúvidas que andam no ar, que a gente até percebe, mas neste momento há pessoas desesperadas que não podem esperar. E não podem pagar os justos pelos pecadores, já dizia a minha Avó.
Hoje em dia, a gente abrimos uma pastelaria chamada A Escravinha, pomos um boneco de uma mulher de cor na montra e vêm logo vocês a fazer uma manifestação à porta.
"E vou falar de mulheres outra vez porquê? Olha, porque isto as redes sociais, como diz a Maria Vieira: «Aquilo está tudo mas é cheio de gente que não percebe nada do que a gente dizemos». Tem razão."
"Se as mulheres ganham menos que os homens, por algum motivo é. E eu digo-vos já qual é o motivo, que eu não sou de mandar dizer por ninguém: a verdade é que nós, as mulheres, somos muito estragadas".
"Ide ser «modernos» e «diferentes» e «originais» lá para as vossas casas, se fazem favor. Que eu saiba, só se isto agora mudou, ainda estamos no país mais culturalmente atrasado da Europa!"
A gente já temos ouvido por todo o lado, mas não é demais repetir: desde que começou este ano de dois mil e dezanove, já morreram dez mulheres assassinadas por homens, as mais das vezes pelos maridos ou pelos namorados.
"E mais outra: alguma vez alguém viu o Doutor Armando Vara? Ou o Doutor Carlos Santos Silva? E se afinal a roupa do Engenheiro Sócrates fosse toda da Zara? E se o próprio do Engenheiro Sócrates também foi inventado pela Dona Ana Bola?"
