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Bastidores: O jornalismo também se faz de sorte

Rui Hortelão
Rui Hortelão 21 de dezembro de 2015 às 17:00

A certa altura, diz: “Quando dei aulas ao Abdeslam…” Nuno Tiago Pinto resiste a interrompê-lo, não quer assustá-lo. Deixa-o terminar e pergunta: “Disse que deu aulas ao Abdeslam [líder dos ataques a Paris]? Quando foi isso?” Xavier não recuou e contou tudo

Há que assumi-lo: foi um golpe de sorte. Mas isso não diminui o valor do trabalho e das novidades que nos apresenta. Quando a SÁBADO chegou a Molenbeek – o bairro belga onde vivia o único suspeito dos atentados de Paris em fuga – as ruas estavam desertas, apesar de ser dia de mercado. Não havia cafés, nem restaurantes abertos e as poucas pessoas que se avistavam estavam concentradas a manifestar-se contra o encerramento de um banco. A senhora que o jornalista Nuno Tiago Pinto abordou transformou-se na mensageira da sorte quando lhe indicou Joaquim, filho de pais portugueses. Estava acompanhado de um amigo muçulmano e era ele quem melhor podia ajudar. A certa altura, diz: "Quando dei aulas ao [Salah] Abdeslam…" Nuno Tiago Pinto resiste a interrompê-lo, não quer assustá-lo. Deixa-o terminar e pergunta: "Disse que deu aulas ao Abdeslam [o terrorista mais procurado da Europa]? Quando foi isso?" Xavier não recuou e contou tudo.

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