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Ucrânia: Casa Branca descarta envio de militares norte-americanos para o conflito

Lusa 27 de fevereiro de 2024 às 21:43

Presidente francês afirmou que não pode ser descartada a possibilidade de envio de tropas para a Ucrânia, um passo extremo que a NATO sublinhou em diversas ocasiões nem sequer ser discutido como uma hipótese.

Os Estados Unidos não enviarão soldados para lutar na Ucrânia, indicou hoje a Casa Branca (presidência), em reação à possibilidade levantada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o destacamento de militares de países aliados de Kiev.

REUTERS/Julia Nikhinson

"O Presidente [norte-americano, Joe] Biden deixou claro que os Estados Unidos não enviarão tropas para lutar na Ucrânia", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson citada pela agência France Presse (AFP).

A porta-voz acrescentou, por outro lado, que Biden acredita que "o caminho da vitória" exigirá ajuda militar, em alusão ao apoio norte-americano que se encontra bloqueado há meses pela ala radical do Partido Republicano na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso).

Em causa está um pacote de 60 mil milhões de dólares (55,2 mil milhões de euros) de ajuda às autoridades de Kiev, que se deparam com escassez de armamento e de munições para fazer face à invasão russa e consideram este financiamento vital.

Na segunda-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que não pode ser descartada a possibilidade de envio de tropas para a Ucrânia, um passo extremo que a NATO sublinhou em diversas ocasiões nem sequer ser discutido como uma hipótese.

Em reação, o principal conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, elogiou hoje qualquer proposta para "aumentar, expandir ou alterar" a forma como a Ucrânia é ajudada.

Para Podolyak, o facto de novas formas de apoiar o esforço ucraniano face à invasão russa estarem a ser consideradas entre os parceiros de Kiev é um "sinal direto" dos riscos que a Rússia está a correr e de que tanto a Ucrânia como a Europa responderão de "forma consistente".

No entanto, vários países da NATO, incluindo Portugal, voltaram a descartar hoje a presença das suas tropas no terreno e atribuíram as palavras de Macron ao seu desejo de ajudar a Ucrânia, concordando, por outro lado, na necessidade de continuar a enviar armas e munições.

Uma das recusas mais contundentes partiu do chanceler alemão, Olaf Scholz, que garantiu hoje que "nenhum soldado" será enviado para a Ucrânia por países europeus ou da NATO.

Em conferência de imprensa, Scholz afirmou que o que foi decidido entre os europeus desde o início "continua a ser válido para o futuro", nomeadamente que "não haverá tropas no terreno, nem soldados enviados por Estados europeus ou pela NATO para solo ucraniano".

A NATO já descartou a possibilidade do envolvimento de militares da Aliança e a União Europeia (UE) disse que essa é uma decisão que cabe a cada Estado-membro, enquanto vários países aliados de Kiev, como Reino Unido, Suécia, Polónia, República Checa, Espanha, Portugal e Itália, também rejeitaram a iniciativa levantada por Macron.

"Quando falamos em enviar tropas devemos ter cuidado porque as pessoas podem pensar que estamos em guerra com a Rússia", alertou o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani.

O porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, advertiu hoje que o envio de tropas para a Ucrânia "não seria do interesse do Ocidente", referindo que a simples menção desta possibilidade constitui "um novo elemento muito importante" no conflito.

Após as declarações de Emmanuel Macron, a diplomacia francesa voltou hoje ao assunto, alegando que a presença de tropas ocidentais na Ucrânia não ultrapassaria "o limiar da beligerância".

Perante a agressividade da Rússia, o Ocidente deve "considerar novas ações de apoio à Ucrânia", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, referindo-se à desminagem, operações cibernéticas ou a produção de armas em território ucraniano.

"Algumas destas ações podem requerer uma presença em território ucraniano sem ultrapassar o limiar da beligerância", afirmou Séjourné, citado pela agência francesa AFP.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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