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Presidente cessante da Geórgia recusa demitir-se depois de tomada de posse do sucessor

Débora Calheiros Lourenço 29 de dezembro de 2024 às 16:10

A tomada de posse decorreu à porta fechada no parlamento e Mikheil Kavelashvili prometeu lutar pelas "tradições, valores, identidade nacional, santidade da família e fé".

Mikheil Kavelashvili,ex-jogadorde futebol e membro do parlamento, tomou posse este domingo como presidente da Geórgia numa tomada de posse marcada por protestos na capital. A Geórgia tem vivido um período político instável depois de o governo do Sonho Georgiano, partido que apoia Kavelashvili, ter suspendido o pedido de adesão à União Europeia.

O Sonho Georgiano venceu as eleições legislativas em outubro, no entanto a sua vitória tem sido contestadas por alegações de fraude e milhares de pessoas têm-se manifestado nas ruas de Tbilisi.

A presidente cessanteSalome Zourabichviliconsiderou este domingo que continua a ser a "única presidente legítima" e recusou renunciar ao cargo. Em frente ao palácio presidencial Zourabichvili falou com os manifestantes e afirmou Kavelashvili é ilegítimo: "Este edifício foi um símbolo apenas enquanto um presidente legítimo este aqui sentado".

A tomada de posse decorreu à porta fechada no parlamento onde também este presente o atual primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, mas os quatro principais grupos da oposição tentaram boicotar a sessão. No seu discurso Kavelashvili prometeu lutar pelas "tradições, valores, identidade nacional, santidade da família e fé".

"A nossa história mostra claramente que, depois de inúmeras lutas para defender a nossa pátria e tradições, a paz sempre foi um dos principais objetivos e valores do povo georgiano", referiu.

O Sonho Georgiano tem se tornada cada vez mais autoritário, aprovando leis que deixam o país mais perto da Rússia e limitando os meios de comunicação locais a as organizações não-governamentais. A Geórgia recusou-se a aderir às sanções ocidentais à Rússia pela invasão à Ucrânia e referiu até que o Ocidente é um "partido da guerra glocal".

Todo este processo deixou a Geórgia mais longe da União Europeia e do seu objetivo, consagrado na constituição, de conseguir aderir à União. Em novembro o governo informou que não iriam continuar as negociações de adesão pelo menos até 2028.

Desde então os protestos têm se multiplicado e a polícia de choque tem usado gás lacrimogéneo e canhões de água contra os manifestantes.

A Geórgia é uma democracia parlamentar onde o presidente assume o papel de chefe de estado e o primeiro-ministro de chefe do parlamento.

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