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Portugal pede esclarecimentos sobre português abatido pela polícia em França

23 de agosto de 2017 às 21:01

Luís, de 48 anos, filho de emigrantes portugueses, foi abatido a tiro pela polícia junto à sua residência. Tomava medicação para problemas psiquiátricos

O Governo português mandatou o cônsul-geral em Paris para obter das autoridades francesas esclarecimentos sobre o caso do cidadão luso-francês morto pela polícia na semana passada em França, disse à Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas esta quarta-feira.

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Foto: D.R.
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"O Governo português está a acompanhar desde a primeira hora o sucedido - a morte deste português por parte das autoridades policiais -, e já foram dadas instruções ao cônsul-geral de Paris tendo em vista obter das autoridades todos os esclarecimentos sobre os factos e as circunstâncias que justificaram esta actuação das autoridades policiais", garantiu José Luís Carneiro.

"Hoje mesmo houve uma reunião em que esteve presente o presidente da câmara da localidade onde temos esta comunidade portuguesa e já houve contactos com a família da vítima", precisou o governante.

Além de indicar tratar-se de "um cidadão com dupla nacionalidade", o secretário de Estado escusou-se a revelar mais pormenores sobre o caso, por "se encontrarem na reserva do inquérito que está a ser desenvolvido pelas autoridades francesas".

No dia 19 de Agosto, Luís, de 48 anos, filho de emigrantes portugueses, foi abatido a tiro pela polícia junto à sua residência, em Châlette-sur-Loing, Montargis, centro de França, quando fugia na sua viatura, após uma denúncia feita pouco antes de que ameaçara alguém com uma faca no centro da cidade.

Segundo o France Bleu, a polícia local desde logo excluiu a hipótese de atentado terrorista, por conhecer o homem e saber que este tomava medicação para problemas psiquiátricos, vivia com a mãe e não tinha antecedentes criminais, de acordo com o ministério público de Montargis.

O cidadão luso-francês tinha sido visto pouco antes no centro da cidade a brandir uma faca e ameaçar uma pessoa, o que levou os transeuntes a alertarem a polícia.

Uma patrulha de três agentes policiais acorreu ao local a tempo de anotar a matrícula da viatura do suspeito, uma informação que os levou à sua residência.

Quando os polícias tentaram interpelá-lo, o homem trancou-se no carro e, ainda segundo a mesma fonte, exibiu a faca e ameaçou matá-los e "colocar bombas em toda a cidade".

Numa gravação vídeo feita por um vizinho e divulgada na página do France Bleu, vê-se a chegada de reforços, os agentes a cercarem o veículo para impedir o homem de fugir e a partirem à cacetada o vidro lateral e o para-brisas.

Apesar de haver dois veículos policiais a barrar-lhe a saída à retaguarda, Luís fez marcha atrás, embateu neles, depois avançou e conseguiu sair do estacionamento, altura em que os polícias começaram a disparar sobre a viatura, que avançou alguns metros e acabou por deter-se num relvado próximo de um supermercado, crivada de balas. O cidadão luso-francês sucumbiu aos ferimentos.

A mãe do emigrante português encontrava-se, na altura, de férias em Portugal.

Seguindo o procedimento regulamentar habitual sempre que um polícia faz uso da sua arma de fogo, o ministério público convocou a Inspecção-Geral da Polícia Nacional francesa (IGPN), conhecida como "a polícia das polícias", que se deslocou de Rennes para Châlette-sur-Loing e iniciou no domingo de manhã o seu inquérito para esclarecer a intervenção da brigada policial.

Os investigadores da IGPN vão ficar uma semana no local, a ouvir os agentes e várias testemunhas, para determinar se o argumento de legítima defesa pode ser invocado pela polícia e se a resposta foi proporcional à ameaça.

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