Portugal "não tem nenhuma reserva" quanto a administração de Donald Trump
O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que Portugal "não tem nenhuma reserva" quanto à nova administração dos Estados unidos, liderada por Donald Trump
O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu hoje que Portugal "não tem nenhuma reserva" quanto à nova administração dos Estados unidos, liderada por Donald Trump, e adiantou que está a ser preparado um encontro com o seu homólogo norte-americano.
"Portugal não tem nenhuma reserva em relação à nova administração dos EUA. Tem e terá a mesma relação que teve com a administração anterior", disse hoje Augusto Santos Silva, numa audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, depois de questionado pelo socialista Paulo Pisco sobre as expectativas em relação à presidência de Donald Trump, que toma posse hoje como 45.º Presidente dos Estados Unidos.
O governante sublinhou que os Estados Unidos são "um vizinho" de Portugal, bem como "um aliado" e "o principal parceiro bilateral" no que diz respeito à segurança e defesa, por causa da base das Lajes, nos Açores, existindo ainda novas áreas de cooperação, nomeadamente na energia, ciência e tecnologia e ensino superior.
Em resposta à deputada do Bloco de Esquerda Domicília Costa sobre a situação da comunidade portuguesa e luso-descendente nos Estados Unidos, Santos Silva disse que o Governo português "não vê nenhum alerta amarelo" neste momento, mas garantiu que acompanhará "com muito cuidado", a nível bilateral e multilateral, "qualquer inflexão na política de imigração" norte-americana.
"O nosso programa de trabalhos da colaboração com a administração norte-americana é muito rico e faz-se sem nenhuma espécie de reserva. Os americanos elegeram o seu Presidente, compete-nos agora trabalhar agora com a nova administração", disse o ministro.
No entanto, Santos Silva deixou um aviso: "Isso não significa, como bem disse a chanceler alemã [Angela Merkel], que nós abdiquemos de nenhum dos princípios que organizam a Europa. Os nossos princípios são os de sempre: acreditamos no multilateralismo, na resolução pacífica dos conflitos, e nós, europeus, o Governo português e a grande maioria do parlamento português acreditamos no comércio internacional, no comércio regulado, e temos muitas reservas em relação a dinâmicas de natureza proteccionista".
Está em preparação "o passo indispensável", que é um encontro entre o chefe da diplomacia portuguesa e o novo secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em Lisboa ou Washington, adiantou Santos Silva.
Portugal manteve, desde logo, contactos com a equipa de transição de Donald Trump, "tirando partido, no interesse português" da presença do congressista luso-descendente Devin Nunes e foram tomadas as necessárias "diligências diplomáticas" para que o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, tenha falado por telefone, na semana passada, com o Presidente eleito dos EUA.
"Temos muito para trabalhar em conjunto. Temos a questão das Lajes, que não está resolvida, temos os programas de cooperação no domínio universitário, científico e tecnológico, temos o projecto - que a administração Obama acolheu muito bem - de criação do Air Center [nos Açores]", elencou Santos Silva.
Ainda sobre as Lajes, o ministro insistiu que "Portugal não quer nem terá na base outras potências que não aquelas que fazem parte do nosso sistema de segurança [União Europeia e NATO]" e que a "capacidade sobrante" da infraestrutura, caso os EUA insistam na redução da presença militar, "pode ser aproveitada para fins civis, designadamente científicos, e aí todos são bem-vindos".
Do ponto de visita multilateral, "a maneira mais produtiva de responder às dúvidas que a campanha eleitoral norte-americana semeou sobre a solidez da aliança transatlântica é avançar, na prática", defendeu, apontando que "isso passa necessariamente" pela realização da próxima cimeira da NATO, prevista para a primavera, com a presença de Trump.
Durante a audição na comissão parlamentar, os deputados de todos os partidos manifestaram preocupações quanto à política que Donald Trump desenvolverá, bem como quanto ao futuro da comunidade portuguesa e luso-descendente nos Estados Unidos.
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