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Porteiro recua e diz que errou em mencionar Bolsonaro no caso Marielle

21 de novembro de 2019 às 08:27

O porteiro do condomínio onde o presidente brasileiro tem casa recuou na informação cedida anteriormente à polícia, admitindo que errou ao citar o nome de Bolsonaro no caso do homicídio da vereadora.

O porteiro do condomínio onde o presidente brasileiro tem casa recuou na informação cedida anteriormente à polícia, admitindo que errou ao citar o nome de Jair Bolsonaro no caso do homicídio da vereadora Marielle Franco.

De acordo com o jornal O Globo, o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, prestou na terça-feira um novo depoimento às autoridades, tendo corrigido a versão inicial, alterando o conteúdo que dizia respeito ao atual mandatário.

Segundo O Globo, o homem disse que errou ao referir que tinha falado pelo intercomunicador com o "senhor Jair", e que se equivocou ao anotar o número 58 [número da casa de Bolsonaro] no registo do condomínio.

Nos primeiros depoimentos cedidos à polícia, o porteiro declarou aos investigadores que um dos suspeitos do homicídio de Marielle Franco, o ex-polícia Élcio Queiroz, já formalmente acusado de ter sido um dos autores materiais do crime, afirmou à entrada do condomínio que queria visitar Jair Bolsonaro, então deputado federal.

Na ocasião, o porteiro relatou que alguém de casa de Bolsonaro autorizou a entrada, mas Queiroz acabou por dirigir-se à residência de Ronnie Lessa, um outro ex-polícia acusado de balear Marielle Franco e que vive no mesmo condomínio que Bolsonaro.

A estação televisiva Globo, responsável por divulgar o conteúdo do depoimento, assegurou que, no seu testemunho às autoridades, o porteiro informou que a autorização de entrada no condomínio havia sido concedida, via intercomunicador, por Jair Bolsonaro.

Contudo, o atual chefe de Estado estava nesse dia, 14 de março de 2018, em Brasília, a mais de mil quilómetros do Rio de Janeiro, como comprovam os registos oficiais do Congresso.

O porteiro, cuja indentidade não foi divulgada pela polícia, prestou nesta terça-feira novas declarações, tendo reformulado a sua versão.

O depoimento cedido esta semana à Polícia Federal faz parte do inquérito que apura se o funcionário cometeu crimes de obstrução da Justiça, falso testemunho e denúncia caluniosa contra o presidente do Brasil.

A Polícia Federal abriu no início do mês um inquérito para investigar o depoimento, após o Ministério Público do Rio de Janeiro ter afirmado que o funcionário da urbanização mentiu nas suas declarações.

"(O porteiro) mentiu. Pode ter sido por vários motivos. E esses motivos serão apurados", indicou a procuradora Simone Sibilio.

A procuradora disse ainda que o presidente brasileiro não é investigado e que é vítima de acusações caluniosas.

Sibilio afirmou que os investigadores analisaram o livro de registos da entrada na urbanização, assim como as gravações do intercomunicador, e verificaram que a entrada de Queiroz foi autorizada por Lessa, e não por alguém que estava no interior da casa de Bolsonaro.

"O facto é que as evidências provam que quem autorizou (a entrada no conjunto habitacional) foi Ronnie Lessa", frisou a procuradora.

O assassínio a tiro de Marielle Franco e do seu morotista, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018, gerou uma grande comoção no Brasil. A vereadora, negra, homossexual e de uma favela, destacou-se pelo seu trabalho como defensora dos direitos humanos, e pelas suas denúncias contra a violência policial no Rio de Janeiro.

As investigações à sua morte continuam a decorrer desde há 20 meses, tendo sido para já detidos os dois alegados autores materiais, mas falta ainda determinar quem foi o autor moral.

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