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Mulheres afegãs impedidas de irem às comemorações do aniversário da tomada de Cabul pelos talibãs

Débora Calheiros Lourenço 15 de agosto de 2025 às 17:19

Hibatullah Akhundzada afirmou os afegãos fizeram sacrifícios durante quase 50 anos para que a Sharia os salvasse da “corrupção, opressão, usurpação, drogas, roubo, furto e pilhagem”.

As mulheres afegãs foram impedidas de comparecer nas comemorações que marcam o quarto aniversário do regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão, esta sexta-feira.
Talibãs reunidos em Cabul no aniversário da tomada da cidade AP Photo/Siddiqullah Alizai
Cerca de dez mil homens reuniram-se em Cabul, capital do país, para assistir aos helicópteros do Ministério da Defesa a espalharem flores para a multidão. A celebração foi feita em seis pontos diferentes da cidade e em três deles as mulheres já estavam proibidas de entrar desde novembro de 2022, altura em que o governo talibã proibiu as mulheres de acederem a parques e áreas de lazer. Os talibãs estão no poder desde 15 de agosto de 2021, altura em que os Estados Unidos e a NATO retiraram as suas forças do Afeganistão duas décadas depois. Desde então o líder Hibatullah Akhundzada aprovou várias leis foram alteradas para limitar as liberdades individuais, especialmente as das mulheres e meninas. Desta vez decretou que as celebrações, que incluiu discursos de membros importantes do executivo, eram exclusivas para os homens. Inicialmente estava também programado um evento desportivo com atletas afegãos, mas não se chegou a realizar. Nos últimos quatro anos vários grupos de defesa dos direitos humanos e a ONU têm condenado os talibãs pelo tratamento dado às mulheres, que continuam impedidas de ter acesso à educação depois do sexto ano, não podem exercer muitos empregos nem ser vistas na maioria dos espaços públicos. Membros do Movimento das Mulheres Afegãs Unidas pela Liberdade realizaram um protesto interno na província de Takhar. Num comunicado enviado à Associeted Press o movimento recordou que “este dia [15 de agosto de 2021] marcou o início de uma dominação negra que excluiu as mulheres do trabalho, da educação e da vida social”. “Nós, mulheres que protestam, recordamos este dia não como uma lembrança, mas como uma ferida aberta da história, uma ferida que ainda não cicatrizou. A queda do Afeganistão não foi a queda da nossa vontade. Permanecemos de pé, mesmo na escuridão”. Também esta sexta-feira Hibatullah Akhundzada afirmou que Deus vai punir severamente os afegãos que sejam ingratos ao governo islâmico. A comunicação foi feita por um comunicado, uma vez que o líder dos talibãs é raramente visto em público, refere também que os afegãos suportaram dificuldades e fizeram sacrifícios durante quase 50 anos para que a lei islâmica pudesse ser estabelecida. Agora, a Sharia salvou as pessoas da “corrupção, opressão, usurpação, drogas, roubo, furto e pilhagem”. “Estas são as grandes bênçãos divinas que o nosso povo não deve esquecer e, durante a comemoração do Dia da Vitória, expressar grande gratidão a Allah todo poderoso para que as bênçãos aumentem”, referiu o líder afegão.
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