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Moscovo abre 70 unidades de vacinação com milhares de médicos e professores inscritos

05 de dezembro de 2020 às 22:16

Centros na capital russa começaram a administrar vacinas contra a covid-19 três dias depois de Vladimir Putin ter ordenado o lançamento de uma campanha de imunização em "grande escala".

Moscovo está a abrir 70 unidades de vacinação para milhares de médicos, professores e outros grupos de alto risco se inscreverem para receber as vacinas contra a covid-19, num esforço de imunização em toda a Rússia.

Os centros na capital russa começaram a administrar vacinas três dias depois de o presidente Vladimir Putin ter ordenado o lançamento de uma campanha de imunização em "grande escala" apesar de, como estabelecem os protocolos científicos, estarem por concluir os estudos que garantem a eficácia e segurança da vacina produzida pela Rússia.

O dirigente russo disse, na quarta-feira, que mais de dois milhões de doses da Sputnik V estavam disponíveis nos próximos dias, permitindo que as autoridades as ofereçam a profissionais de medicina e professores em todo o país a partir do final da próxima semana.

Moscovo, que atualmente é responsável por perto de um quarto das novas infeções diárias no país, avançou hoje com a abertura de instalações para a imunização.

Médicos, professores e funcionários municipais foram convidados a marcar um horário para receber a injeção.

O autarca da capital russa, Sergei Sobyanin, disse terem-se inscrito perto de 5.000 pessoas, poucas horas depois de o sistema de inscrição ter começado a operar na sexta-feira.

"É claro que tive dúvidas, especialmente considerando que todos os testes clínicos não terminaram ", disse Tatyana Kirsanova, a quem a vacina foi administrada hoje, numa clínica em Moscovo. "Decidi avançar para me proteger com todas as opções possíveis", acrescentou.

A Rússia gabou-se de a Sputnik V ter sido a "primeira vacina contra a covid-19 registada no mundo", depois de o governo ter aprovado a regulamentação, no início de agosto.

Na altura, especialistas internacionais alertaram para o facto de a vacina produzida na Rússia ter sido testada apenas em dezenas de pessoas.

O presidente Putin minimizou, todavia, os alertas da comunidade científica internacional, argumentando que uma das filhas estava entre as primeiras pessoas a ser imunizada.

O Sputnik V foi oferecido a profissionais de medicina e professores durante meses, apesar de ainda estar a ser testada.

Vários altos oficiais russos disseram ter recebido a primeira imunização e o reforço e militares russos começaram esta semana a vacinar as tripulações de navios da marinha que irão partir em missões.

Por seu turno, o ministro da Saúde, Mikhail Murashko, garantiu, na quarta-feira, que mais de 100 mil pessoas na Rússia já tinham recebido as vacinas.

A Rússia está a oferecer as vacinas, sem custo monetário, a pessoas com idades entre os 18 e os 60, aos que não sofram de doenças crónicas, não estejam grávidas, nem a amamentar.

O Sputnik V – a administrar em duas doses - foi desenvolvido pelo Instituto Gamaleya, com sede em Moscovo.

Kirill Dmitriyev, chefe do Fundo Russo de Investimento Direto que financiou o desenvolvimento do Sputnik V, disse, no mês passado, esperar-se que mais de mil milhões de doses da vacina fossem produzidas fora do país, em 2021.

No mês passado, os produtores da vacina disseram que a análise provisória dos dados de ensaio apontavam para um grau de eficácia de 91,4%. A conclusão baseou-se em 39 infeções registadas nos 18.794 participantes do estudo que receberam ambas as doses da vacina ou de um placebo, que é um número muito menor de infecções do que os farmacêuticos ocidentais observaram ao avaliar a eficácia de suas vacinas.

Além da Sputik V, a Rússia está a testar mais duas vacinas.

Na quarta-feira, a Grã-Bretanha tornou-se no primeiro país do ocidente a autorizar o uso de uma vacina contra o coronavírus desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e pela alemã BioNTech.

A Rússia foi varrida por um ressurgimento do surto neste outono, com os números de novas infeções a excederem os níveis registados no início da pandemia mas, até ao momento, as autoridades não determinaram medidas de prevenção contra a covid-19 como as impostas na primavera passada.

Hoje, a Rússia disse ter registado um novo recorde de infeções diárias - 28.782 -, das quais 7.993 ocorreram na capital. Segundo o governo, as mortes na Rússia devido ao novo coronavírus perfazem 42.684 desde o início do surto.

A Rússia é, atualmente, o quarto país do mundo com mais casos confirmados de covid-19, num total de 2,4 milhões de pessoas, atrás dos Estados Unidos, Índia e Brasil, respetivamente.

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