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Merkel avisa Trump: "Europeus são donos do seu destino"

16 de janeiro de 2017 às 19:58

Angela Merkel, escusou-se a comentar as críticas do presidente eleito dos EUA às suas políticas relativas aos refugiados, NATO e UE, mas foi clara: "os europeus são donos do seu próprio destino"

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, não ficou sem resposta. A chanceler alemã, Angela Merkel, escusou-se a comentar as críticas do magnata às suas políticas relativas aos refugiados, NATO e UE, mas foi clara: "os europeus são donos do seu próprio destino". 

 

Numa conferência de imprensa em Berlim, após um encontro com o seu homólogo neozelandês, Bill English, Angela Merkel deixou claro que Donald Trump ainda não é Presidente dos EUA, e que, após a sua investidura, na próxima sexta-feira, as duas capitais irão manter a cooperação bilateral.

 

"Quando Trump tomar posse do seu cargo, o que ainda não é o caso, iremos naturalmente trabalhar com o novo Governo norte-americano. Nessa altura veremos que acordos conseguiremos alcançar", assinalou a chanceler alemã. 

 

Numa entrevista aos diários britânico The Times e alemão Bild, Donald Trump disse que a chanceler alemã, Angela Merkel, cometeu "um erro catastrófico" ao abrir as fronteiras do seu país aos refugiados, associando esta política ao aumento recente do terrorismo no país, numa alusão ao atentado com um camião em Berlim nas vésperas do Natal passado.

 

Na mesma entrevista, Trump qualificou a NATO como uma organização obsoleta, censurando os Estados-membros por não pagarem a sua parte na defesa comum e se 'encostarem' aos Estados Unidos; e considerou ainda que o Reino Unido "teve razão" em sair da União Europeia (Brexit), acrescentando que outros países vão deixar a UE.

 

Angela Merkel fez questão de "separar" o problema do terrorismo da questão dos refugiados, e da relação desta com a guerra na Síria, sublinhando que "a maioria dos sírios", fugiu da "guerra civil, dos combates com [o regime do Presidente Bashar] al-Assad e a repressão de Assad". 

 

O terrorismo, sublinhou ainda a chanceler, golpeou vários países, designadamente, "França, Bélgica, Reino Unido, Espanha e agora a Alemanha" e enfrentá-lo é "uma tarefa global", afirmou.

 

Quando interrogada sobre o apoio de Trump à decisão do Reino Unido abandonar a UE e da previsão que outras capitais seguirão o exemplo de Londres, Merkel declarou que "os europeus são donos do seu próprio destino", e acrescentou: "vou continuar empenhada em que os 27 Estados-membros trabalhem em conjunto em relação ao seu futuro (...) face aos desafios do século 21". Sobre as críticas de Trump à NATO -- que considerou uma organização "obsoleta" -- Merkel apenas disse que as suas posições "são conhecidas". "O presidente eleito mais uma vez expôs as suas. Quando Trump tomar posse do seu cargo, o que ainda não é o caso, iremos naturalmente trabalhar com o novo Governo norte-americano. Nessa altura veremos que acordos conseguiremos alcançar".

 

O secretário de Estado cessante, John Kerry, reagiu à entrevista e considerou as declarações "pouco apropriadas", descrevendo a chefe de governo germânica como "corajosa". 

 

"Muito francamente, penso que foi pouco apropriado para um presidente eleito dos Estados Unidos estar a meter-se na política de outros países de forma tão directa", disse Kerry à CNN. "Eu acho que ela foi extremamente corajosa e penso que essa caracterização [feita por Trump sobre a política de refugiados] não corresponde nada ao que aconteceu", disse.

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