Secções
Entrar

Manifestação causa tensão junto ao local do atentado

18 de agosto de 2017 às 20:34

Polícia anti-motim teve de intervir numa manifestação de extrema-direita e uma contra-manifestação antifascista

Uma manifestação de extrema-direita e uma contra-manifestação antifascista no local onde quinta-feira terminou o atentado terrorista de Barcelona obrigou hoje à intervenção da polícia anti-motim.

A polícia anti-motim dispersou e afastou o grupo de cerca de 30 manifestantes de extrema direita, mas alguns acabaram por ficar retidos entre centenas de manifestantes anti-racistas, envolvendo-se em discussões acesas que por vezes descambaram para agressões.

Segundo explica o diário El Periódico, os manifestantes da extrema-direita reagiram ao ataque terrorista de quinta-feira nas Ramblas, Barcelona, convocando um protesto para hoje às 19:00 junto ao local onde a furgoneta que matou 13 pessoas se imobilizou na quinta-feira.

A concentração visava "defender Espanha e a Europa de culturas totalmente alheias à nossa pátria e identidade", segundo um comunicado da organização La Falange, de extrema direita, citada pelo El Periódico.

Perante essa convocatória, grupos antifascistas e associações como a Assembleia de Jovens da Cidade Velha convocaram uma contra-manifestação no mesmo local, para as 18:45, para "combater o terror do Daesh e o ódio fascista".

Os manifestantes de extrema-direita que compareceram, cerca de 30, gritavam "Parem a islamização da Europa", enquanto os restantes cantavam, em catalão, "fora fascistas dos nossos bairros" ou "Barcelona será o túmulo do fascismo".

"Estamos a lutar contra o ódio, não queremos que se aproveitem deste momento tão triste para fazer a sua luta", disse à Lusa Raquel, de 33 anos, uma manifestante antifascista, moradora num dos bairros antigos da cidade catalã.

Mohamed e Nawal, dois jovens químicos nascidos em Barcelona e muçulmanos de religião, compareceram na manifestação antifascista para combater a associação entre terrorismo e Islão.

"Não tem nada a ver, é um grupo de pessoas que comete crimes de guerra, tal como acontece em muitos países muçulmanos. Não tem relação nenhuma com a religião", disse Nawal, envergando um hojab (véu islâmico).

Sobre o futuro da relação entre a comunidade muçulmana e as restantes comunidades de Barcelona após o atentado de quinta-feira, que foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, Nawal contou que nasceu e cresceu em Barcelona e nunca teve qualquer problema.

"A população catalã é culta e solidária, penso que agora não será pior".

Carlos Menezes, um barcelonês que passeava nas Ramblas com a mulher e a filha, de dois anos, à hora da manifestação, lamentou a realização dos protestos pouco mais de 24 horas após o atentado.

"Há liberdade de expressão, mas é preciso respeitar o luto nacional decretado oficialmente. As manifestações políticas podemos deixá-las para a próxima semana".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela