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Mais de 100 mil manifestantes bielorrussos exigem renúncia do Presidente até ao final do dia

25 de outubro de 2020 às 17:02

Caso Alexander Lukashenko não abandone a presidência até à meia-noite deste domingo, após 26 anos no poder, a oposição vai convocar uma greve nacional a partir de segunda-feira, em todas as empresas nacionais, para bloquear estradas e boicotar lojas estatais.

Mais de 100 mil bielorrussos ocuparam hoje as ruas de Minsk e outras cidades em protestos antigovernamentais, fazendo um ultimato ao presidente, Alexander Lukashenko, para este renunciar ao poder até à meia-noite, noticia a agência EFE.

"Hoje às 23:59 hora locais (20:59 TMG) o prazo para o "Ultimato do Povo" expira e se as exigências não forem atendidas, os bielorrussos iniciarão uma greve nacional", alertou o líder da oposição no exílio, Svetlana Tijanóvskaya.

Em 13 de agosto passado, aquela que foi a principal rival de Lukashenko nas eleições presidenciais de 9 de agosto - cujo resultado não é reconhecido pela oposição nem pelo Ocidente - deu ao Presidente 12 dias para apresentar sua renúncia, libertar todos os presos políticos e acabar com a repressão policial.

Caso Lukashenko não abandone a presidência até à meia-noite de hoje, após 26 anos no poder, a oposição vai convocar uma greve nacional a partir de segunda-feira, em todas as empresas nacionais, para bloquear estradas e boicotar lojas estatais.

Nos supermercados, farmácias e lojas de venda de alimentos em Minsk ainda não faltam produtos até ao momento.

A embaixada dos Estados Unidos em Minsk emitiu na sexta-feira um alerta para seus cidadãos face ao receio de que pudessem eclodir confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes a partir de segunda-feira, e recomendou que cidadãos norte-americanos naquele país evitem participar em atos públicos e arranjem comida, água, remédios e dinheiro suficientes para pelo menos três dias.

No décimo primeiro domingo de protestos, mais de 100.000 bielorrussos, de acordo com a oposição, apoiaram hoje o ultimato ao Presidente e seu regime, invadindo as ruas da capital e de muitas outras cidades do país.

Uma enorme vaga humana passou pelo centro de Minsk pelo décimo primeiro domingo consecutivo com bandeiras vermelhas e brancas, um símbolo da oposição.

Veículos blindados e canhões de água esperavam em cada esquina pelos manifestantes para impedir a marcha.

O Palácio da Independência, residência de Lukashenko, está fortemente protegido por forças especiais e veículos blindados.

Também ocorreram marchas de solidariedade em outras cidades, como Grodno, Brest, Lida, Gomel, Vitebsk, Brest, Polotsk ou Novopolotsk.

Em Lida, as forças de segurança usaram gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes e houve dezenas de detenções.

Também se registaram detenções em outras cidades, incluindo Minsk, onde também foram ouvidas explosões de granadas de gás de lacrimogéneo.

Entretanto, a organização de direitos humanos bielorrussa Vesná contabilizou até agora mais de 78 detenções.

O Ministério do Interior bielorrusso já admitiu o uso de "meios especiais" para reprimir a marcha, que diz não estar autorizada.

O Presidente Lukashenko, por seu lado, não reagiu até ao momento ao "Ultimato do Povo" e nada indica que o fará.

Recentemente, o Presidente reuniu-se no centro de detenção da polícia secreta com alguns líderes da oposição para discutir com eles a reforma constitucional que prometeu e que antevê como uma solução para a crise desencadeada após as recentes polémicas eleições presidenciais.

Posteriormente, vários opositores ao regime foram libertados e colocados em prisão domiciliária.

Um deles, o analista político Yuri Voskresenski, garantiu ao meio digital independente TUT.by que Lukashenko deu "a sua palavra de que este seria seu último mandato" na presidência.

Até agora, nem as sanções ocidentais ao seu regime e à sua pessoa, nem o Prémio Sakharov para a liberdade de consciência atribuído esta semana pelo Parlamento Europeu à oposição bielorrussa ou a pressão dos manifestantes nas ruas conseguiram levar à renúncia do Presidente.

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