Madrid não vai admitir "presidência simbólica" de Puigdemont
Líder da Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, já sugere que avance a "número dois", Marta Rovira.
O porta-voz do governo espanhol, Inigo Méndez de Vigo, assegurou esta segunda-feira que Madrid não irá tolerar "de nenhuma forma" que seja atribuído ao líder independentista da Catalunha, Carles Puigdemont, uma "presidência simbólica".
"Não vamos ter nenhuma contemplação como ele", afirmou Méndez de Vigo numa entrevista à Rádio Nacional de Espanha, insistindo que não será dado nada a Puigdemont e ainda menos "o que não existe".
Os partidos que apoiam a candidatura do líder independentista, fugido na Bélgica, à liderança do governo regional (Generalitat) estão a tentar encontrar uma solução para o actual impasse institucional que poderia passar pela concessão de uma "presidência simbólica" a Puigdemont e outra efectiva a ser exercida em Barcelona por outra pessoa.
Segundo Inigo Méndez de Vigo, que também é ministro da Educação, Cultura e Desporto, uma presidência da Generalitat, a "1.500 quilómetros", desde Bruxelas, "não é possível".
Entretanto, o líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista socialista), Oriol Junqueras, detido por suspeitas de delitos de rebelião, sedição e peculato, alertou também esta segunda-feira, numa entrevista à Telecinco, sobre os inconvenientes de uma investidura de Puigdemont.
"É óbvio que o Estado jamais deixará que essa candidatura seja eficaz", disse Junqueras, que antes defendia uma "presidência simbólica" e agora sugere a candidatura de Marta Rovira, número dois da sua lista.
A candidatura de Carles Puigdemont é apoiada por três partidos independentistas que têm uma maioria de deputados no parlamento regional: Juntos pela Catalunha (direita independentista), ERC e Candidatura de Unidade Popular (extrema-esquerda anti-sistema).
Puigdemont é acusado pela procuradoria-geral espanhola de delitos de rebelião, sedição e peculato na sequência da tentativa de criar um estado independente de Espanha.
Se o ex-presidente regional regressar a Espanha será imediatamente preso e no caso de continuar em Bruxelas terá de ser investido à distância, possibilidade que já foi afastada pelo Tribunal Constitucional.
As eleições catalãs de 21 de Dezembro foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol no final de Outubro, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont por ter dirigido o processo para declarar unilateralmente a independência da região.
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