Secções
Entrar

Lula da Silva lamenta "actos injustificados de violência"

18 de março de 2016 às 08:46

O antigo presidente brasileiro reagiu às escutas. Entre a indignação e a esperança, garante que apenas quer "justiça". Lula participa numa manifestação de apoio a si próprio em São Paulo, esta sexta-feira

O ex-presidente do Brasil Lula da Silva reagiu, numa carta aberta, à divulgação das escutas telefónicas levadas a cabo durante a Operação Lava Jato, naquelas que foram as primeiras palavras do antigo líder do PT sobre os acontecimentos que culminaram com a suspensão da sua tomada de posse como ministro da Casa Civil, horas de depois de esta ter tido lugar.

No documento, divulgado na íntegra pelo jornal O Globo, Lula disse que não se conforma com a divulgação das conversas de foro privado, mas que confia na isenção da Justiça. Segundo os media brasileiros, este é um tom conciliatório muito diferente da postura adoptada pelo petista (nome dados aos membros do Partido Trabalhador) nas declarações mais recentes.

"Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático", afirmou Lula, na carta onde critica "os tristes e vergonhosos episódios das últimas semanas." "Como todos sabem, é a minha intimidade, de minha esposa e meus filhos, dos meus companheiros de trabalho que tem sido violentada por meio de vazamentos ilegais de informações que deveriam estar sob a guarda da Justiça. Sob o manto de processos conhecidos primeiro pela imprensa e só depois pelos directamente e legalmente interessados, foram praticados actos injustificáveis de violência contra minha pessoa e de minha família", acusou o antigo chefe de Estado.

Em particular sobre as escutas, garantiu que não se conformará que "palavras ditas em particular sejam tratadas como ofensa pública, antes de se proceder a um exame imparcial, isento e corajoso do levantamento ilegal do sigilo das informações".

Apesar de indignado, Lula fez questão de frisar que "acredita nas instituições e nas pessoas que as encarnam", daí que tivesse recorrido "sempre que necessário, em especial nas últimas semanas, ao Supremo Tribunal Federal para garantir direitos e prerrogativas".

No final da carta, o petista deixou palavras de esperança, garantindo que tudo o que tem acontecido não o farão deixar de acreditar "no discernimento, no equilíbrio e no senso de proporção de ministros e ministras" do Supremo. (Leia a carta na íntegra aqui.)

 

Lula participa em manifestação em São Paulo

O Brasil vive momentos conturbados, política e socialmente. As manifestações contra Dilma e Lula ou a favor são uma constante e o clima de tensão tem vindo a subir.

Esta sexta-feira, em São Paulo, uma manifestação contará com a participação do próprio Lula. A Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 organizações, encabeça a convocatória, que tem o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), no poder, da CUT e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Temos um grande desafio: chegar às ruas em todo o país, no dia 18, na sexta-feira, em defesa da democracia, dos presidentes Lula e Dilma, contra o golpe e por mudanças na economia", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão, assinalando que ninguém pode faltar à convocatória.

O antigo presidente continua impedido de exercer funções no novo cargo porque a Justiça brasileira anulou uma decisão que suspendia a nomeação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil, mas um segundo pedido ainda está em vigor.

A decisão de anulação da suspensão foi tomada pelo presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, Cândido Ribeiro, que aceitou as alegações formuladas pela Advocacia-Geral da União (AGU), contrariando a suspensão da nomeação de Lula decretada na quarta-feira pelo juiz federal Itagiba Catta Preta Neto.

Lula ainda não pode, porém, exercer as funções do cargo para o qual foi nomeado porque a juíza Regina Coele Formisano, titular do sexto juízo federal do Rio de Janeiro, aceitou outro pedido apresentado para anular sua nomeação.

O panorama político brasileiro inclui mais um episódio: a presidente brasileira, Dilma Rousseff, já foi notificada sobre a abertura do processo de destituição (impeachment) de que é alvo.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela