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Lula da Silva: Brasil é governado por "bando de malucos"

27 de abril de 2019 às 19:39

Antigo presidente do Brasil deu uma entrevista em que lamenta não ter morrido em vez do neto, Arthur.

O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva afirmou na sexta-feira que o Brasil é governado por "um bando de malucos", na primeira entrevista concedida desde a sua prisão, há mais de um ano. "Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode [acontecer] é esse país estar governado por esse bando de malucos que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso", afirmou o antigo governante, numa entrevista conjunta concedida aos jornais Folha de São Paulo e El País.

As declarações de Lula mereceram resposta de Bolsonaro, que disse que o Brasil não era governado por bêbados: "Pelo menos, não é um bando de cachaceiros´ (que abusam da cachaça)". 

Para Lula da Silva, a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Jair Bolsonaro para a presidência. "Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem nao dorme bem é o [Sérgio] Moro, Dallagnol [coordenador da Lava-Jato] e o juiz do TRF-4 [que confirmou a condenação de Lula da Silva em segunda instância]", disse o antigo presidente. 

"Durante todo o processo judicial, sempre tive a certeza que havia um objetivo central: chegar a mim. Estou obcecado com desmascarar Sérgio Moro e os seus amigos, e de desmascarar os que me condenaram. Posso continuar preso 100 anos, mas não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade. Quero provar que é tudo uma farsa. Tenho uma obsessão, mas não sinto ódio, não guardo rancor porque, com a minha idade, quando se sente ódio morre-se mais cedo. Como quero viver 120 anos, vou trabalhar muito para mostrar a minha inocência", prometeu Lula. 

Os jornalistas questionaram-no sobre a morte do seu irmão, Vavá, e do neto, Arthur, aos sete anos, enquanto estava preso. "Esses dois momentos foram os piores. A morte do meu irmão Vavá e do meu neto foram, efetivamente, não, não, não... Às vezes penso que o mais fácil seria eu ter morrido. Porque já vivi 73 anos, podia morrer e deixar que o meu neto vivesse. Mas não. Não são só esses momentos que me deixam triste. Sempre tentei ser um homem alegre e trabalho muito para que não vença o ódio, esse rancor profundo. Quando vejo os que me condenaram na televisão, sabendo como sei que são mentirosos, tenho muitos momentos de tristeza."

Lula disse ainda que vê "filmes, muitas séries, muitos discursos, assisto a muitas aulas" na prisão. 

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