“Prossegue o diálogo para permitir o seu regresso a França o mais rapidamente possível”, explicou Macron.
Os cidadãos franceses Cécile Kohler e Jacques Paris, há três anos e meio presos no Irão por espionagem, “saíram da prisão”, anunciou hoje o Presidente francês, Emmanuel Macron.
Felix Zahn/picture-alliance/dpa/AP Images
O chefe de Estado francês precisou, na rede social X, tratar-se de “uma primeira etapa” para a libertação dos dois franceses.
“Prossegue o diálogo para permitir o seu regresso a França o mais rapidamente possível”, acrescentou Macron, expressando o seu “alívio”.
Condenados em meados de outubro a 20 e 17 anos de prisão, respetivamente, por espionagem para os serviços secretos franceses e israelitas, Cécile Kohler e Jacques Paris sempre proclamaram a sua inocência e eram os últimos dois cidadãos franceses oficialmente presos no Irão.
“Estão bem, parecem de boa saúde”, e encontram-se atualmente “em segurança” na residência do embaixador francês em Teerão, “aguardando a sua libertação definitiva”, afirmou, pouco depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.
“Falei com as suas famílias e enviei para lá uma equipa que os acompanhará pessoalmente, juntamente com os funcionários da embaixada”, escreveu Jean-Noël Barrot na rede social X.
“Um enorme alívio” e “uma excelente notícia” foram as palavras hoje à noite usadas pelos pais de Cécile, Pascal e Mireille Kohler, para manifestar a sua alegria pela saída da prisão da filha e do companheiro, Jacques Paris, no Irão.
“Por enquanto, a única coisa que sabemos é que estão fora da prisão, e para nós, isso é um enorme alívio. Sabemos que já não estão sujeitos ao tratamento desumano que sofreram e que estão agora na embaixada, por isso já estão num pedacinho de França”, acrescentaram, enquanto buzinas de carros soavam à porta da sua casa, na Alsácia.
Num comunicado, os advogados dos dois cidadãos franceses, Martin Pradel, Chirinne Ardakani, Emma Villard e Karine Rivoallan, saudaram um “novo dia” para Cécile Kohler e Jacques Paris, “com o fim da sua prisão arbitrária que durou 1.277 dias”.
A diplomacia iraniana fez saber hoje à noite que os dois cidadãos franceses se encontram “em liberdade condicional” e foram “libertados sob fiança”.
“Estes dois cidadãos franceses, presos por crimes contra a segurança nacional, foram libertados sob fiança pelo juiz responsável pelo caso e ficarão sob supervisão até à próxima etapa judicial”, indicou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmail Baghai, num comunicado intitulado “libertação condicional de dois cidadãos franceses”.
A 24 de setembro, Emmanuel Macron aumentara as esperanças ao referir uma “sólida perspetiva” de libertação destes cidadãos franceses, que Paris considerava “reféns do Estado” iraniano.
Algumas semanas depois, o chefe da diplomacia francês reiterou essas declarações, mas acabou por ser outro cidadão francês, Lennart Monterlos, também com nacionalidade alemã, a ser libertado, no início de outubro.
Cécile Kohler, uma professora de Literatura de 41 anos, e Jacques Paris, um professor reformado de 72 anos, foram detidos a 07 de maio de 2022, no último dia de uma viagem turística ao Irão.
Foram encarcerados na secção 209, reservada a presos políticos, da prisão de Evin, em Teerão, antes de serem transferidos para outro centro de detenção em junho, durante a Guerra dos 12 Dias entre Israel e o Irão. A sua nova localização nunca foi divulgada.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês denunciou repetidamente as “condições de detenção desumanas”, considerando-as “equivalentes a tortura”, ao ponto de apresentar uma queixa contra a República Islâmica do Irão no Tribunal Internacional de Justiça “por violação do direito à proteção consular”.
Durante mais de três anos, o Serviço de Informações Estrangeiras francês (DGSE) também trabalhou para a sua libertação.
Com as luzes acesas 24 horas por dia, saídas de 30 minutos duas ou três vezes por semana e raras e breves chamadas para as famílias sob forte vigilância, os dois cidadãos franceses, que foram coagidos a “confissões forçadas” transmitidas pela televisão estatal iraniana alguns meses após a sua detenção, receberam apenas algumas visitas consulares.
Na última década, o Irão tem multiplicado a detenção de cidadãos ocidentais, particularmente franceses, geralmente sob a acusação de espionagem, a fim de os utilizar como moeda de troca para libertar iranianos presos em países ocidentais ou para obter concessões políticas.
Pelo menos 20 ocidentais estarão ainda detidos, segundo fontes diplomáticas.
No caso de Cécile Kohler e Jacques Paris, Teerão anunciou a 11 de setembro a possibilidade de um acordo de libertação dos dois cidadãos franceses em troca de Mahdieh Esfandiari, uma iraniana detida em França em fevereiro por promover o terrorismo nas redes sociais e que tinha sido libertada sob supervisão judicial, enquanto aguardava o seu julgamento, marcado para janeiro próximo.
A libertação de Cécile Kohler e Jacques Paris ocorre menos de um mês depois da de Lennart Monterlos, o cidadão franco-alemão de 19 anos detido a 16 de junho deste ano, durante um passeio de bicicleta.
Em março passado, outros dois cidadãos franceses, Olivier Grondeau e um homem cujo nome nunca foi revelado, foram libertados.
No auge da crise dos “reféns de Estado” com Paris, Teerão manteve até sete cidadãos franceses detidos em simultâneo.
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