Jornalistas bielorrussas condenadas a dois anos de prisão por cobrir protestos
Katerina Bakhvalova e Daria Chultsova foram condenadas por um tribunal de Minsk por "organizar eventos públicos destinados a alterar a ordem pública".
Num novo ataque aos meios de comunicação independentes, o regime bielorrusso condenou duas jornalistas a dois anos de prisão pela cobertura jornalística do movimento de protesto de 2020 no país. Katerina Bakhvalova e Daria Chultsova foram condenadas esta quinta-feira por um tribunal de Minsk por "organizar eventos públicos destinados a alterar a ordem pública".
As repórteres do canal polaco Belsat foram detidas no passado dia 15 de novembro enquanto faziam a cobertura jornalística um protesto contra o presidenteAlexander Lukashenko e em homenagem a um ativista da oposição morto dias antes. Desde então que as jornalistas, de 23 e 27 anos, estavam em prisão preventiva.
Declarando-se inocentes, as jornalistas consideraram-se vítimas da repressão que atingiu o vasto movimento de protesto que eclodiu depois da reeleição de Lukashenko, em agosto de 2020.
Lukashenko enfrenta protestos sem precedentes há meses. Todas as figuras da oposição estão presas ou no exílio e milhares de manifestantes foram presos.
Ao ouvir o veredito, Katerina Bakhvalova e Daria Chultsova abraçaram-se na cela onde ouviram, de pé, a decisão do tribunal. Como relata oEl País, as jornalistas denunciaram tratar-se de um caso "fabricado" que pretende servir de exemplo e aviso para outros meios de comunicação.
Antes da decisão do tribunal de Minsk, Chultsova afirmou: "Não fiz nada ilegal. Todos os materiais recolhidos demonstram a minha inocência. Espero um veredito justo". "Não peço, exijo que me absolvam e libertem", rematou Bakhvalova.
As organizações de direitos civis e de liberdade de imprensa exigiram a libertação das repórteres, declaradas presas políticas.
A Federação Europeia dos Jornalistas (EFJ) criticou o veredito, considerando que tem motivações políticas. Exigiu ainda a revisão do caso e "o fim da perseguição de jornalistas e meios de comunicação na Bielorrússia". "Esta condenação está destinada a intimidar toda a profissão e a criminalizar o jornalismo", defendeu Mogens Blicher Bjerregard, presidente da EFJ.
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