Secções
Entrar

Jornalista libertada após dizer em vídeo que russos lhe salvaram a vida

Lusa 22 de março de 2022 às 21:57

Contudo, foi divulgado o desaparecimento de um fotojornalista ucraniano numa zona de combate perto da capital, o que faz temer que tenha sido ferido, morto ou capturado pelas forças russas.

A jornalista ucraniana Viktoria Roshchina, nas mãos dos serviços secretos russos desde 15 de março, foi libertada após gravar um vídeo afirmando que as forças russas lhe salvaram a vida, noticiou hoje o jornal digital Hromadske, onde trabalha.

"A 21 de março, os ocupantes libertaram do cativeiro a jornalista do Hromadske Viktoria Roshchina. Agora, encontra-se em território controlado pelo Governo ucraniano e dirige-se para Zaporijia, onde se reunirá com a família", escreveu o jornal.

Há algumas horas, órgãos de comunicação social pró-russos e canais da plataforma Telegram começaram a divulgar um vídeo em que a jornalista rejeita qualquer queixa contra os seus captores e diz que os russos lhe salvaram a vida.

Segundo o jornal digital em que trabalha, o vídeo era a condição para a sua libertação, e Roshchina gravou-o sob pressão.

A jornalista ucraniana foi detida pelos serviços de segurança russos (FSB, agência sucessora do KGB) ao regressar de uma reportagem sobre os efeitos da invasão russa da Ucrânia na cidade de Energodar, no leste do país.

O Hromadske denunciou o desaparecimento da sua jornalista, que trabalhava nas zonas leste e sul do conflito desde o início da ofensiva russa, e indicou que provavelmente estaria nas mãos do FSB.

Entretanto, foi hoje noticiado o desaparecimento de um fotojornalista ucraniano numa zona de combate perto da capital, o que faz temer que tenha sido ferido, morto ou capturado pelas forças russas.

A agência noticiosa UNIAN indicou que é desconhecido o paradeiro de Maksym Levin desde 13 de março, data em que contactou um amigo de Vyshhorod, perto de Kiev.

O amigo, Markiyan Lyseiko, disse que Levin se deslocou àquela zona no seu veículo para documentar os combates ali em curso.

Segundo Lyseiko, Levin deixou o carro perto da aldeia de Huta Mezhyhirska e ia até à aldeia de Moshchun, não tendo voltado a contactá-lo ou sido visto ‘online’ desde então.

Maksym Levin tem trabalhado como fotojornalista e realizador de vídeo para muitas publicações ucranianas e internacionais.

A organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou na segunda-feira que um cidadão ucraniano que desde 2013 trabalha como ‘fixer’ (uma espécie de intermediário) e intérprete para a imprensa estrangeira, tendo passado pelos canais franceses France2, BFM TV e RFI, foi "repetidamente torturado" por militares russos depois de ter sido sequestrado a 05 de março.

Detido durante nove dias, o ‘fixer’ ucraniano de 32 anos foi preso numa cave gelada e "espancado com uma barra de ferro, torturado com eletricidade e submetido a morte simulada", escreveu a ONG.

"Nikita (nome falso usado por razões de segurança) deu-nos um testemunho arrepiante que confirma a intensidade dos crimes de guerra cometidos pelo exército russo contra jornalistas. Passar o seu testemunho ao procurador do Tribunal Penal Internacional é o mínimo que podemos fazer por este jovem e corajoso ‘fixer’", defendeu o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

Oleg Baturin, um jornalista ucraniano que foi libertado a 20 de março depois de ter estado oito dias nas mãos do exército russo e tratado de maneira semelhante a Nikita, declarou: "Eles queriam destruir-me, passar por cima de mim, para mostrar o que vai acontecer com todos os jornalistas, que serão mortos".

A Rússia lançou na madrugada de 24 de março uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de dez milhões de pessoas, mais de 3,5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 27.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a organização confirmou hoje pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo 174 crianças.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela