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Há cada vez mais jovens de 13 e 14 anos a consumir droga na Guiné-Bissau

12 de março de 2020 às 19:00

Existem muitos consumidores que não sabem como e onde fazer um despiste de doenças transmissíveis e muitos admitiram ser normal a troca de materiais como seringas, cachimbos e colheres.

Um estudo da organização não-governamental ENDA - Guiné-Bissau concluiu que há cada vez mais jovens de 13 e 14 anos a consumir ou a usar droga, em particular na região de Bafatá, leste do país.

O estudo, que incidiu nas regiões de Bafatá e Gabu, no leste, na capital, Bissau, visou determinar a cartografia estimada do tamanho da população, através de um inquérito bio-comportamental de utilizadores de drogas injetáveis na Guiné-Bissau.

Na apresentação dos resultados, o diretor da ENDA - Guiné-Bissau, Mamadu Aliu, assinalou que o estudo permitiu concluir que Bafatá é onde a população inicia mais cedo o consumo de droga, mas também é a zona onde indivíduos com mais baixa taxa de escolarização consomem estupefacientes.

Igualmente na região leste da Guiné-Bissau, Gabu é a zona onde se notou uma maior diversidade de nacionalidades no uso e consumo de droga, bem como a multiplicidade de consumos (uso de vários tipos de drogas), referiu o diretor da ENDA.

Bissau é a zona com maior número de consumidores de drogas, mas também é onde se constatou a presença de maior taxa de escolarização entre os utilizadores, sublinhou Mamadu Aliu.

O responsável afirmou ainda que o estudo "trouxe ao de cima um conjunto de dados preocupantes", nomeadamente o facto de o uso e consumo de droga estar a "fazer subir" a taxa de prevalência de doenças como HIV/SIDA, hepatite, tuberculose e sífilis na comunidade de consumidores.

Mamadu Aliu apontou também para situações como aquela em que a escola "é transformada num dos principais pontos de consumo" e o facto de o sexo ser usado, pelas raparigas dependentes, como elemento de troca por droga.

Segundo o responsável, é preocupante o dado revelado pelo estudo de que existem muitos consumidores nas três regiões que não sabem como e onde fazer um despiste de doenças transmissíveis e muitos admitiram ser normal a troca de materiais como seringas, cachimbos e colheres.

O diretor da ENDA-Guiné-Bissau precisou que os resultados do estudo vão permitir aos decisores políticos e intervenientes na luta contra o flagelo, conhecer melhor o problema e desta forma propor políticas para o combate.

Mamadu Aliu disse que a vulnerabilidade económica da populaçãoe a falta de informação e de apoio psicológico são os principais motivos para o uso e consumo de drogas na Guiné-Bissau.

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