Futuro chefe do FBI nega existência de uma "caça às bruxas"
Christopher Wray contrariou as acusações de Donald Trump à investigação sobre a alegada ingerência russa nas presidenciais americanas
O responsável indicado para ser o futuro director do FBI, Christopher Wray, contrariou hoje as acusações de Donald Trump à investigação sobre a alegada ingerência russa nas presidenciais americanas, salientando que presta lealdade à Constituição e não ao Presidente.
"A minha lealdade é para com a Constituição [dos Estados Unidos] e o Estado de Direito e continuarei a responder perante eles, não importa o caso", declarou Christopher Wray, o nome escolhido pelo Presidente Donald Trump para chefiar a polícia federal americana (FBI), ouvido hoje numa audiência de confirmação no Senado (câmara alta do Congresso norte-americano).
Quando questionado sobre a investigação sobre a alegada ingerência russa nas presidenciais americanas de Novembro de 2016 actualmente liderada pelo procurador especial Robert Mueller (ex-diretor FBI), Christopher Wray afastou-se das acusações de Trump que qualifica todo o processo como uma "caça às bruxas".
"Não penso que o director Mueller esteja envolvido numa caça às bruxas", disse Wray.
Em diversas ocasiões na rede social de mensagens 'online' Twitter, Trump qualificou a investigação conduzida por Mueller como uma "caça às bruxas" que é feita tendo como base a "falsa" premissa de um conluio entre a Rússia e elementos da sua campanha presidencial.
This is the single greatest witch hunt of a politician in American history!
A audiência de Wray, de 50 anos, acontece numa altura em que as suspeitas sobre uma eventual ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de Novembro último estão reforçadas após a revelação de informações sobre uma reunião, em junho de 2016, entre o filho mais velho de Trump e uma advogada que lhe foi apresentada como uma emissária de Moscovo.
E acontece dois meses depois do Presidente norte-americano ter demitido de forma repentina o anterior diretor da polícia federal James Comey, numa altura em que este responsável estava a supervisionar uma investigação sobre os alegados contactos mantidos entre a campanha de Trump e a Rússia durante a corrida às presidenciais nos Estados Unidos.
Uma das várias revelações feitas por James Comey foi que, durante um jantar na Casa Branca, o Presidente pediu-lhe lealdade.
"Nunca irei deixar que o trabalho do FBI seja influenciado por nada além dos factos, a lei e a procura de uma justiça imparcial. Ponto final", prometeu hoje Christopher Wray, numa declaração inicial na audiência de confirmação.
"Comprometo-me a ser o líder que o FBI merece e a liderar uma agência independente, um motivo de orgulho para todos os americanos", acrescentou o veterano da Justiça americana, pouco conhecido da opinião pública, que assumiu funções no Departamento de Justiça durante a administração de George W. Bush.
Caso seja confirmado pelo Senado, Christopher Wray terá a difícil tarefa de tranquilizar os mais de 30.000 funcionários do FBI, muito ciosos da sua independência, mas também de recuperar a confiança da opinião pública americana, que teme que a instituição esteja sob influência da Casa Branca.
O nome de Christopher Wray foi divulgado por Trump no passado dia 7 de Junho.
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