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Foram atirados ao mar 300 migrantes nas últimas 24 horas

10 de agosto de 2017 às 20:27

Algumas dezenas morreram ou estão dados como desaparecidos

Cerca de 300 migrantes foram atirados intencionalmente ao mar por traficantes nas últimas 24 horas ao largo da costa do Iémen, dos quais algumas dezenas morreram ou estão dados como desaparecidos, denunciou hoje a Organização Internacional para as Migrações.

A agência especializada da ONU divulgou hoje que um grupo de 180 pessoas oriundas da Etiópia, a maioria adolescentes e jovens adultos, foi forçado a lançar-se ao mar por traficantes.

Um novo balanço do incidente indica que pelo menos seis migrantes morreram e 13 estão dados como desaparecidos ao largo da província de Chabwa, no sul do Iémen. Um anterior balanço dava conta de cinco mortos e 50 desaparecidos.

"Enviámos as nossas equipas para a zona. Vinte e cinco passageiros (feridos) que estavam na embarcação estão a ser tratados na costa do Iémen", afirmou uma porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), em declarações à agência noticiosa francesa France Presse.

Este é o segundo caso deste tipo que é divulgado nas últimas 24 horas no Iémen e que ilustra o tratamento desumano a que são sujeitos os migrantes que procuram melhores condições de vida.

Na quarta-feira, a OIM divulgou que outro grupo de cerca de 120 imigrantes oriundos da Somália e da Etiópia foi igualmente deliberadamente atirado ao mar por traficantes. A agência da ONU estima que 50 pessoas terão perdido a vida, incluindo 29 cujos corpos foram descobertos em campas rasas numa praia de Shabwa durante uma patrulha de rotina.

Os mortos foram enterrados pelos que sobreviveram.

A OIM está a trabalhar em estreita colaboração com o Comité Internacional da Cruz Vermelha para conseguir sepultar condignamente as vítimas mortais e apoiar os sobreviventes.

"Os sobreviventes relataram aos nossos colegas que os traficantes os obrigaram a saltar para o mar depois de terem visto o que pareciam ser representantes das autoridades", afirmou Laurent de Boeck, chefe da missão da OIM, sobre o caso ocorrido hoje.

"Também disseram que os traficantes voltaram à Somália para continuar com o tráfico e trazer mais imigrantes para o Iémen", acrescentou.

Caracterizando estes acontecimentos como "chocantes e desumanos", o chefe da missão da OIM lembrou que o sofrimento destes imigrantes, "que pagam aos traficantes para ter uma vida melhor", é imenso. O responsável estimou que a média de idades dos migrantes é de 16 anos.

A pouca distância marítima que separa o Corno de África (extremo oriental do continente africano, constituído pela Somália, pela Etiópia e pelo Jibuti, e que culmina no cabo Guardafui) do Iémen tem contribuído para que este trajeto seja uma rota de migração popular, apesar do conflito em curso no Iémen e que afecta o país árabe desde finais de 2014.

Posteriormente, os migrantes tentam dirigir-se para os países do Golfo.

De acordo com a OIM, cerca de 55.000 migrantes abandonaram nações do Corno de África em direcção ao Iémen desde Janeiro deste ano, a maioria deles vindos da Somália e da Etiópia.

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