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EUA realizam primeira execução de pena de morte desde início da pandemia

20 de maio de 2020 às 07:59

Última execução tinha sido no Alabama, a 5 de março. Walter Barton, de 64 anos, foi condenado pelo homicídio de Gladys Kuehler, de 81 anos. As suas últimas palavras foram: "Eu, Walter 'Arkie' Barton, sou inocente, estão a executar um inocente"

O estado norte-americano do Missouri executou na terça-feira por injeção letal um homem condenado por homicídio em 1991, a primeira execução de pena capital nos Estados Unidos desde o início da pandemia da covid-19.

A última execução tinha sido no Alabama, no dia 05 de março.

Desde o início da pandemia, foram adiadas uma dezena de execuções de penas de morte nos estados do Ohio, Texas e Tennesse, por causa das medidas para combater a propagação do novo coronavírus.

Um tribunal do Texas justificou o adiamento das execuções pelo facto de estas reunirem demasiadas pessoas para poderem desenrolar-se sem risco de contaminação.

Os serviços penitenciários do Missouri adotaram medidas de segurança reforçadas, com as testemunhas separadas em três divisões diferentes, com máscara de proteção, depois de submetidas a um controlo de temperatura e de terem recebido instruções para manterem a distância social em vigor, explicou uma porta-voz da prisão, Karen Pojmann, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O homem executado na terça-feira, Walter Barton, de 64 anos, foi declarado morto às 18:10 horas locais (00:10 de quarta-feira em Lisboa), depois de receber uma injeção letal na prisão de Bonne Terre, perto de St Louis, informou o Departamento de Correções do Missouri.

As suas últimas palavras antes de lhe ser administrada a injeção letal foram para reafirmar a sua inocência: "Eu, Walter 'Arkie' Barton, sou inocente, estão a executar um inocente", relataram testemunhas.

O homem recebeu o apoio da organização Innocence Project (Projeto Inocência), que reanalisa casos antigos em que considera que os réus foram injustamente condenados.

"É inaceitável que se tenha permitido proceder a esta execução sem uma revisão profunda da sua inocência", criticou a organização na sua conta na rede social Twitter.

A União Americana das Liberdades Cívicas (ACLU) também criticou a decisão de executar Walter Barton "em plena pandemia". "Não só o Estado pôs em perigo a saúde dos guardas, forçando-os a desafiar as recomendações de saúde pública, como recusou considerar novos elementos persuasivos sobre a inocência de Barton", lamentou a principal organização de direitos cívicos dos Estados Unidos.

Barton foi condenado à morte pelo homicídio de Gladys Kuehler, uma mulher de 81 anos que geria um complexo de casas móveis em Ozark, no Missouri, onde vivia.

O caso remonta a 09 de outubro de 1991.

A mulher, encontrada semi-nua, foi vítima de violência sexual e tinha mais de 50 ferimentos provocados por arma branca.

As autoridades consideraram Barton suspeito, depois de encontrarem vestígios de sangue da vítima nas suas roupas, apesar de a defesa ter questionado as conclusões da acusação durante anos, assentes igualmente no testemunho de uma co-detida, também questionado pelos advogados de defesa.

Esta foi a primeira execução do ano no Missouri e a sexta nos Estados Unidos.

Desde que o Supremo Tribunal de Justiça dos Estados Unidos reinstituiu a pena de morte, em 1976, foram executadas 1.518 pessoas, 90 só no Missouri.

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