Cardeais portugueses sobre eleição de Leão XIV: "É uma pessoa cheia de proximidade e compaixão"
Cardeais portugueses deixaram esta sexta-feira alguns elogios ao novo Papa, mas dizem-se curiosos com a escolha do nome Leão XIV.
Três cardeais portugueses deram esta sexta-feira uma conferência de imprensa no Vaticano, onde falaram sobre a escolha de Leão XIV para Papa. Em declarações aos jornalistas, Manuel Clemente começou por revelar que já havia "um perfil mais ou menos delíneado" quando foram chamados a escolher o sucessor de Francisco.
"Quando chegámos a estes dias de conclave já tínhamos a conversa feita e um perfil mais ou menos delineado", confessou.
Segundo Manuel Clemente, foi esta partilha de ideias que fez com que a eleição de Robert Prevost para Papa decorresse de forma mais rápida. "Isso explica o porquê de em dois dias conseguirmos chegar a uma eleição com mais de dois terços dos presentes. Em princípio, não seria fácil se não tivéssemos feito uma conversa anterior."
Apesar de ambos não terem revelado as suas escolhas, o cardeal António Marto considerou que o mais importante era dar continuidade ao legado do papa Francisco. "Para mim o mais importante era continuar o legado e o estilo do papa Francisco na sua conceção de Ministério e da evangelização, do Papa como um rosto de uma Igreja mãe amorosa, misericordiosa, que vai ao encontro de todos e que é transparente."
Para António Marto, Leão XIV tem um "estilo de proximidade" assemelhando-se por isso ao papa Francisco. "O Papa Leão XIV é uma pessoa cheia de proximidade, de acolhimento, atenção, compreensão dos outros e compaixão com os sofrimentos da humanidade".
Já o cardeal D. Américo Aguiar, considerou Leão XIV como "alguém muito discreto e muito afável". E rematou: "Acho que Deus não podia ter feito melhor. E nós fizemos o que podíamos".
Quanto ao nome de Leão XIV, Manuel Clemente diz que o Papa deverá explicar o porquê de ter escolhido este nome. "Vamos ver a explicação que ele vai dar. Certamente que vai dar porque os outros também deram na escolha do seu nome."
E o cardeal D. Américo Aguiar aproveitou para brincar com este nome. "Para Portugal convém pormos aspas. Há leões muito nervosos nos dias que correm".
Segundo Manuel Clemente, "o primeiro [papa Leão] e o último são muito significativos". "O primeiro refere-se a São Leão Magno que foi um papa decisivo para a definição e afirmação do que é o Bispo de Roma no contexto da Igreja. Foi um Papa muito marcante sobre o papel do papado no conjunto da Igreja. O último antes do atual, foi o papa Leão XIII que de alguma maneira começou esta série de inciclicas relativamente à questão operária."
Manuel Clemente aproveitou ainda para esclarecer o porquê da primeira votação ter durado tanto tempo. "Algumas pessoas ficaram admiradas com o porquê de o primeiro fumo, que saiu negro, ter demorado tanto tempo. É porque nós não começámos logo a votar, como estava previsto. Começámos por ouvir o cardeal que fez uma exposição demorada, e bem feita, acerca do que é o papel do Papa nos tempos que decorrem. Isso demorou mais tempo."
133 cardeais começaram na quarta-feira as votações para eleger o sucessor de Francisco, mas a escolha acabou por ser muito mais rápida do que aquilo que se esperava. O conclave durou apenas dois dias.
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