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Covid-19. Líder supremo do Irão proíbe vacinas dos EUA e do Reino Unido

08 de janeiro de 2021 às 11:28

Ali Khamenei urgiu os cientistas iranianos a desenvolverem um composto nacional.

O líder supremo do Irão, o ‘ayatolah’ Ali Khamenei, proibiu hoje a importação de vacinas norte-americanas e britânicas contra o covid-19, urgindo os cientistas iranianos a desenvolverem um composto nacional.

"Se a fábrica da Pfizer pode produzir uma vacina, eles que a 'consumam' primeiro para que em 24 horas não tenham quatro mil mortos. O mesmo acontece com o Reino Unido", sublinhou o líder iraniano num discurso transmitido pela televisão.

O 'ayatolah' Ali Khamenei referia-se à elevada propagação de covid-19 nos Estados Unidos, que na quinta-feira ultrapassou pela primeira vez as 4.000 mortes por covid-19 num dia, e no Reino Unido por causa da nova estirpe do vírus que fez aumentar o número de contágios.

As declarações de Ali Khamenei têm caráter político devido ao conflito que marca as relações de Teerão com Washington e Londres. 

As vacinas que neste momento estão autorizadas nos países ocidentais - e que estão a ser administradas - são da farmacêutica norte-americana Pfizer, desenvolvida através da parceria com a alemã BioNTech, e da empresa biotecnológica norte-americana Moderna. 

O Ministério da Saúde do Irão informou no mês passado que as primeiras vacinas contra o SARS-CoV-2 chegariam ao país através de compras a um país estrangeiro que pode ser a Rússia ou a República Popular da China.

O Irão registou até ao momento 1.268.263 contágios de 55.993 mortes por covid-19 e começou no passado dia 29 de dezembro a primeira fase do ensaio clínico da vacina contra a doença.

Sobre a investigação científica, o líder supremo do Irão destacou que se trata de um avanço "que orgulha e honra o país".

"Não tentem negar o facto", sublinhou.

A vacina com o nome COV Iran Barkat e produzida pela farmacêutica Shifa Pharmed vai ser administrada em duas doses: a segunda dose vai ser inoculada 14 dias depois da primeira. 

O Irão também coopera com Cuba nesta área, sendo que em Havana decorre a segunda fase do ensaio clínico do composto.

A terceira fase vai previsivelmente realizar-se no Irão, após cumpridas as etapas anteriores em Cuba.

Além da questão das vacinas, o 'ayatolah' Ali Khamenei, pediu o levantamento das sanções impostas pelos Estados Unidos, afirmando que foi Washington que abandonou o acordo nuclear internacional "sem pressões por parte de Teerão". 

"A questão não é se a América está a voltar ou não; nós não temos pressa e não estamos a insistir no regresso", disse Ali Khamenei.

"O nosso pedido, racional e lógico, é o levantamento das sanções (...) porque se trata de usurpação de direitos contra a nação iraniana", acrescentou o líder supremo do Irão.

O acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano alcançado em Viena em 2015 foi rejeitado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que o abandonou em 2018 e impôs sanções contra o regime de Teerão.

Em resposta, o Irão rejeitou, um ano depois, os compromissos estabelecidos em Viena. 

"Se as sanções forem levantadas, o regresso dos americanos ao acordo pode vir a fazer sentido", disse Ali Khamenei.

"Quando a outra parte (Estados Unidos) não cumpre as obrigações não é lógico que a República Islâmica tenha de as cumprir", considerou.

"Se eles (Estados Unidos) regressarem aos compromissos estabelecidos nós regressamos às nossas obrigações", disse ainda o líder supremo do Irão.

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