Condutor e dono da carrinha detidos pelas autoridades francesas
As duas testemunhas do acidente – o jovem foi o único sobrevivente do acidente que matou 12 portugueses em Moulins – ainda não tinham sido ouvidos por estarem internados numa unidade psiquiátrica.
O jovem de 19 anos que conduzia a carrinha envolvida no acidente fatal em França, onde morreram 12 pessoas, foi detido esta terça-feira. Segundo o Le Figaro, que cita fontes judiciais, também o proprietário da empresa de transportes foi preso pelas autoridades e levado para a sede da polícia em Moulins, localidade onde ocorreu o acidente na passada quinta-feira.
Estas duas testemunhas do acidente – o jovem foi o único sobrevivente entre os ocupantes da carrinha – ainda não tinham sido ouvidos por estarem internados numa unidade psiquiátrica.
Esta terça-feira de manhã, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas revelou que Portugal accionou a protecção consular para o condutor da carrinha. "Hoje [terça-feira] accionámos a protecção consular para o condutor e um seu familiar, que vinha numa segunda viatura, o que significa que a partir deste momento os serviços consulares acompanham presencialmente e em termos jurídicos e administrativos tudo o que são diligências do foro jurisdicional", disse José Luís Carneiro.
Em declarações à Lusa a partir de Moulin, após a partida de sete carrinhas funerárias com os corpos dos 12 portugueses, o governante disse que as autoridades inclinam-se para a ideia de que houve uma manobra perigosa, resultante de uma ultrapassagem a um ou mais veículos. "Não tenho conhecimento das conclusões do inquérito mas as informações apontam no sentido de poder ter existido uma manobra perigosa. Vamos aguardar pelas conclusões do relatório e apuramento das circunstâncias e eventuais responsabilidade", vincou o secretário de Estado, escusando-se a adiantar mais pormenores.
Sobre o tema das condições das viagens de emigrantes de e para Portugal, e sobre as notícias que têm saído sobre a falta de segurança destes transportes, José Luís Carneiro descartou a possibilidade de as autoridades portuguesas lançarem qualquer iniciativa sobre o tema antes da conclusão da investigação em curso pela polícia francesa, mas lembrou que as leis são para cumprir.
"Temos de aguardar as conclusões das averiguações das autoridades francesas e apuramento de responsabilidades e circunstâncias; sempre que sejam detectadas essas circunstâncias, devem comunicar às autoridades para avaliar e averiguar responsabilidades, e aplicar a lei", disse Carneiro, lembrando que a prevenção rodoviária não faz parte das competências da secretaria de Estado das Comunidades.
"O que é possível fazer-se, como aliás tem vindo a ser feito, é apostar em campanhas de informação e sensibilização para que cada cidadão que desenvolve actividade profissional no estrangeiro o possa fazer no cumprimento da legalidade", vincou.
O governante sublinhou também a necessidade de os portugueses avisarem as autoridades consulares das viagens para o estrangeiro e para consultarem os avisos do portal das comunidades portuguesas para que seja possível às autoridades ajudarem mais facilmente em caso de necessidade.
As 12 vítimas do acidente, com idades entre os 7 e os 63 anos, morreram na sequência de um choque frontal entre a carrinha ligeira de passageiros em que seguiam e um veículo pesado, que ocorreu cerca das 23h45 de quinta-feira passada na estrada nacional N79, perto da cidade francesa de Lyon, na localidade de Moulins.
O veículo em que seguiam os portugueses saiu da Suíça por volta das 21h00 de quinta-feira e tinha como destino Portugal.
Na segunda-feira, a companhia de seguros Liberty Seguros anunciou que assegura a trasladação para Portugal dos corpos dos 12 cidadãos portugueses, invocando que a decisão se deveu a "razões de natureza puramente humanitária e de respeito profundo pela dor dos familiares e amigos das vítimas".
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