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Chineses e portugueses lideram procura do Pau de Cabinda

08 de maio de 2019 às 16:43

A partir do dia 14 de maio será proibido fabricar Pau de Cabinda em Portugal e noutros países da UE mas produto continua a ser dos "mais procurados" nos mercados de Luanda.

O Pau de Cabinda continua a ser um dos produtos "mais procurados" nos mercados de Luanda com comerciantes a apontarem "chineses e portugueses" como os que mais o solicitam, acreditando na sua "eficácia afrodisíaca".

O Mercado dos Kwanzas, no município de Cazenga, um dos maiores de Luanda, tem uma secção específica para venda de medicamentos tradicionais e o Pau de Cabinda lidera a procura dos consumidores, com preços que variam entre os 200 e os 35.000 kwanzas (entre 0,54 euros e 95 euros).

As vendedoras confirmaram hoje à Lusa a "eficácia" do produto na resolução de problemas de impotência sexual, garantindo que o seu chá ou outra composição "são infalíveis".

"Procuram, sim, o Pau de Cabinda. Tanto homens como mulheres. Temos aos preços de 200, 300 e 500 kwanzas. Não vendemos muito caro. Para alguém que não tem força no corpo vendemos isso e o efeito é bom", contou à Lusa a comerciante Ana Alberto.

O Pau de Cabinda [Pausinystalia yohimbe] e suas preparações foram incluídos na parte A do anexo III do Regulamento da Comunidade Europeia (CE) nº 1925/2006, o que implica que a sua utilização em alimentos será proibida, nomeadamente em Portugal.

A partir de 14 de maio não poderão ser fabricados em Portugal e nos países da União Europeia (UE) géneros alimentares com esta substância.

Segundo o regulamento, os alimentos com Pau de Cabinda ou suas preparações legalmente colocados no mercado português antes de 14 de maio de 2019 poderão ainda ser comercializados.

Questionada sobre a proibição da utilização do Pau de Cabinda em Portugal e noutros países da UE, Ana Alberto, que há 12 anos comercializa medicamentos naturais, afirmou que o produto "não tem qualquer efeito adverso" para a saúde.

"Eu nunca senti consequências do Pau do Cabinda, isso tem procura e faz efeito e se vão proibir não conseguimos perceber. Isso é pau", realçou.

As valências do Pau de Cabinda foram também sublinhadas pela vendedora Sofia António, afirmando que, apesar de tímida, a procura pelo produto é diária, sendo os chineses os maiores compradores.

"Pau de Cabinda é para pessoas que não têm força durante as relações sexuais eles tomam e ficam bem. Temos clientes angolanos, chineses e outros", disse.

A comerciante adianta que o preço varia em função da bolsa do cliente, referindo que tem doses de 300 a 2.000 kwanzas e que grandes quantidades são comercializadas a 35.000 kwanzas.

A par de pequenas porções ou mesmo do caule, Luísa Pembele contou que também comercializa o Pau de Cabinda em líquido, em garrafas de 1,5 litros ao preço de 1.500 kwanzas (4,10 euros).

A coordenadora do setor de medicamentos tradicionais do Mercado dos Kwanzas, Isabel Bunga, questionou as motivações da proibição em Portugal do uso do Pau de Cabinda, referindo que "chineses e portugueses são os maiores compradores".

"Porque é que vão proibir, se os estrangeiros, como chineses e portugueses, sãos os que mais utilizam, que vêm aqui buscar e como é que vão proibir", questionou.

Há 24 anos na atividade, a vendedora recorda que o Pau de Cabinda lidera a lista das solicitações, garantindo que o preço "é acessível" e que a sua utilização deve ser "bem doseada de forma a não causar outras complicações"

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