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China deteve quase 13 mil terroristas em Xinjiang desde 2014

18 de março de 2019 às 08:42

Estima-se que a China mantém cerca de um milhão de muçulmanos em campos de internamento.

O Governo chinês revelou esta segunda-feira que, desde 2014, deteve 12.995 terroristas na região de Xinjiang, noroeste do país, onde se estima que a China mantém cerca de um milhão de muçulmanos em campos de internamento.

Num livro branco publicado pelo Conselho de Estado e intitulado 'A luta contra o terrorismo e o extremismo e a proteção dos direitos humanos em Xinjiang', as autoridades revelam que, nos últimos cinco anos, "foram desmantelados" 1.588 grupos "violentos e terroristas" e "apreendidos" 2.052 "artefactos explosivos".

O mesmo documenta detalha que foram "punidas 30.645 pessoas, por 4.858 atividades religiosas ilegais, e confiscadas 345.229 cópias de material religioso ilegal".

"Entre 1990 e o final de 2016, forças separatistas, terroristas e extremistas lançaram milhares de ataques terroristas no Xinjiang, matando um grande número de pessoas inocentes e centenas de policias, e causando prejuízos incalculáveis", lê-se.

Pequim argumenta que as suas políticas na região estão "de acordo com a lei" e visam "combater todos os tipos de atividades violentas e terroristas, que violam os direitos humanos, colocam em risco a segurança pública e minam a unidade étnica e dividem o país".

O Governo chinês garante ainda que "protege e respeita plenamente os direitos civis, incluindo a liberdade religiosa" e que as suas ações têm como objetivo "evitar que o extremismo se propague e que se incite o ódio étnico (...) através da religião".

"Isso não é o islamismo", aponta.

"Durante muito tempo, forças terroristas e extremistas impulsionaram o separatismo e distorceram, fabricaram e falsificaram a História do Xinjiang, exagerando as diferenças culturais entre grupos étnicos e instigando o isolamento, o ódio e o extremismo religioso", aponta.

A China acusa ainda forças estrangeiras de "colaborarem, desde os anos 1990, para proclamar a independência do 'Turquistão Oriental', através do 'jihadismo'".

"Xinjiang é indiscutivelmente uma parte inalienável do território chinês. As culturas étnicas de Xinjiang são uma parte inseparável da civilização chinesa", aponta, antes de explicar que os uigures, a minoria étnica chinesa de origem muçulmana, "nasceu de um longo processo de migração e integração étnica".

"Eles não são descendentes dos povos turcos", realça o texto.

Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de uigures em campos de doutrinação política, onde antigo detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

Mas Pequim defende que os campos são centros de "formação vocacional", destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo "moderno e civilizado", e eliminar a pobreza no Xinjiang.

Desde que, em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.

O Governo chinês considera que a repressão é necessária para combater o separatismo e o extremismo islâmico, enquanto ativistas uigures afirmam que serve apenas para alimentar as tensões.

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