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Bill Gates: Alterações climáticas terão efeitos muito piores que os da pandemia

Mariana Branco 15 de fevereiro de 2021 às 19:05

Fundador da Microsoft acredita que a normalidade regressa este verão e que os efeitos mais drásticos da pandemia terão sido ultrapassados daqui a um ano. Mas a crise climática está por resolver.

Bill Gates considera que este verão se vai regressar em grande medida à normalidade e que daqui a um ano, apesar de a covid-19 ainda poder circular, já teremos ultrapassado os efeitos mais dramáticos da pandemia. A questão, diz, será se vamos ser capazes de reduzir o número de contágios a zero ou se a covid-19 se vai tornar numa doença endémica para a qual será precisa vacinação. Sustenta, no entanto, que há um problema mais difícil de resolver nos próximos anos: os efeitos das alterações climáticas, que serão muito piores que os da pandemia.

Com novas variantes da covid-19 a surgir, Bill Gates afirma que pode ser necessário modificar as vacinas para alcançar uma maior eficácia, já que uma nova estirpe reduz significativamente a eficácia dos anticorpos. Em entrevista ao El País, assegura: "As vacinas que temos, como a da Pfizer e a da Moderna, são tão poderosas que os seus efeitos são muito eficazes. Ainda não temos a certeza se elas precisam ser alteradas, mas estamos a investigar para garantir isso".

Vacinado com a primeira dose da vacina da Moderna, o fundador da Microsoft assegura que a cooperação global é necessária. "Este esforço geral por compartilhar informação é de uma importância vital porque trata-se de uma luta entre a humanidade e o vírus, e nenhum país pode isolar-se. Nem tudo funcionou bem, mas aprendemos muitas coisas que nos vão permitir estar mais preparados para a seguinte pandemia, que se for bem gerida não chegará a 10% das mortes e o dano económico será menor do que o que estamos a sofrer agora", diz ao jornal espanhol.

Ainda sobre a covid-19, Bill Gates diz que a pandemia gerou um nível de debate e teorias da conspiração que jamais imaginou. "O problema torna-se muito sério se isso faz com que as pessoas pensem que usar máscara ou receber a vacina não é importante", prossegue.

Apesar da preocupação com a pandemia, Bill Gates, que, através da Fundação Gates investiu 1,75 mil milhões de dólares (cerca de 1,44 mil milhões de euros) em investigação relacionada com a covid-19, não esquece o que considera um problema maior: as alterações climáticas. Ao jornal espanhol defende que as estas serão mais difíceis de resolver que uma pandemia e que se não o fizermos os efeitos negativos vão ser muito piores.

Diz ficar feliz pelo interesse nas alterações climáticas não ter diminuído, "como aconteceu durante a última crise financeira por se considerar um problema a longo prazo", mas salienta que as emissões de carbono estão a aumentar e que no futuro vão ser causadas sobretudo por "serviços básicos de muitos países em desenvolvimento: do ar condicionado, da construção, de ter luz".

"Fala-se muito de reduzir o consumo de eletricidade, mas essa não é a via adequada para reduzir as emissões a zero. Pode ser útil, mas a única maneira de alcançar essa meta não é conduzir menos mas sim conduzir um carro de zero emissões", assegura.

No dia em que lança em todo o mundo o livro Como Evitar Um Desastre Climático, tema a que se dedica há uma década, diz ainda que há um problema importante por resolver: "As fontes de energia são intermitentes. Ou seja, se as condições meteorológicas são as adequadas durante semanas, tudo bem, mas se chegar uma onda de frio haverá grandes áreas que não poderão beneficiar desse tipo de energia". A solução, considera, passa por criar um armazenamento energético a grande escala ligado à rede.

Getty Images

Considerando que as alterações climáticas são muito mais complicadas que uma pandemia, o fundador da Microsoft defende que num cenário ideal os planos de estudo das escolas devem abordar o assunto. Diz também que mais pessoas estão a presenciar fenómenos meteorológicos extremos e que isso se traduz numa mudança de atitude. "Acredito que esta é uma das razoes pelas quais o interesse nas alterações climáticas é hoje maior do que há cinco anos", afirma.

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