Secções
Entrar

Amnistia denuncia condições “alarmantes” nos lares de idosos espanhóis

03 de dezembro de 2020 às 17:50

Organização não-governamental estima que quase metade das 46 mil mortes por covid-19 no país são de idosos que morreram em lares de terceira idade.

A Amnistia Internacional considerou hoje "alarmantes" as condições de vida dos residentes dos lares de terceira idade da região de Madrid e da Catalunha, onde milhares de pessoas idosas morreram de covid-19 nos últimos meses.

Esta organização não governamental (ONG) condenou severamente a situação num relatório publicado hoje, no qual denuncia uma situação em que "a grande maioria das pessoas de idade que vivem em lares de idosos em Madrid e na Catalunha não foram devidamente atendidas".

A Amnistia Internacional afirma que as medidas postas em prática nas duas regiões foram "ineficazes e inadequadas" e não respeitam os direitos dos residentes, acrescentando que "a situação nos lares de idosos continua a ser inquietante durante esta segunda vaga".

A Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia de covid-19, com mais de 1,6 milhões de casos e quase 46.000 mortes.

A organização estima que quase metade destas mortes são de idosos que morreram em lares de terceira idade, indicando que um relatório do Governo, a ser divulgado em breve, coloca o número "entre 50% e 47%" do total de óbitos.

Entre 08 de março e 01 de maio último, 5.828 pessoas idosas morreram de covid-19 em lares de idosos na região de Madrid, o que representa 43,46% dos óbitos na região, de acordo com a Amnistia.

Na Catalunha, os 7.045 idosos que morreram devido à pandemia entre 01 de março e 15 de novembro são responsáveis por 46,9% das mortes na região durante este período, afirma a ONG.

Estes residentes de lares de idosos em Madrid e Catalunha "não foram levados para o hospital quando precisaram, ficaram isolados nos seus quartos, por vezes durante semanas, sem contacto com as suas famílias, e alguns nem sequer puderam morrer com dignidade" durante os primeiros meses da pandemia, acrescenta o relatório.

Os protocolos regionais que recomendavam o tratamento dos idosos nas suas casas em vez de serem enviados para o hospital "não foram alterados", apesar de serem "discriminatórios", continua a Amnistia.

A ONG lamenta que as visitas das famílias ainda não estejam asseguradas e que as autoridades não tenham aumentado o número de funcionários, citando medidas de austeridade e cortes orçamentais causados pela crise financeira de 2008.

O diretor do escritório da Amnistia em Espanha, Esteban Beltran, disse que "uma crise sanitária não pode ser uma desculpa para não prestar os cuidados adequados aos idosos".

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 4.724 pessoas dos 307.618 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela