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71 pessoas encontradas mortas depois de naufrágio na costa da Síria

Débora Calheiros Lourenço 23 de setembro de 2022 às 19:05

No barco estavam entre 120 a 150 pessoas provenientes do Líbano, da Síria e da Palestina que queriam chegar à Europa.

Naufragou na costa da Síria um barco que levava entre 120 a 150 pessoas, 71 foram encontradas já mortas. Outros 20 migrantes sobreviveram ao naufrágio e estão sob observação num hospital na cidade síria de Tartus, as operações de resgate continuam o para tentar encontrar mais pessoas.

REUTERS/Mohamed Azakir

No barco encontravam-se cidadãos libaneses, sírios e palestinos, incluindo mulheres e crianças. Ainda não é claro o que originou o acidente que ocorreu esta quinta-feira mas autoridades sírias já confirmaram que o navio partiu de Minyeh, uma cidade perto da cidade portuária libanesa de Trípoli, muito provavelmente este barco dirigia-se para a Europa no momento em que afundou.

O Líbano abriga cerca de 1,5 milhões de refugiados sírios e quase mais 14 mil de outros países, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, este país é casa para o maior número de refugiado per capita do mundo. No entanto o país encontra-se a viver uma grave crise económica, que foi agravada pela covid 19 e pela explosão que ocorreu no porto de Beirute em 2020. Atualmente mais de 80% da população tem dificuldades em comprar alimentos e medicamentos e o banco Mundial descreveu esta como uma das piores crises dos tempos modernos.
 
O Líbano tornou-se uma plataforma de imigração ilegal, onde os seus cidadãos se juntam aos refugiados sírios e palestinos na tentativa de deixar o país e chegar à Europa, segundo observadores internacionais as travessias originárias no país aumentaram mais de 70% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Aya Majzoub, investigadora libanesa da Human Rights Watch, relembra que "quase 90% dos refugiados não têm residência legal no Líbano, o que os coloca em risco de prisão e deportação e também limita o seu acesso ao emprego", esta situação aliada à "onda de xenofobia e discurso de ódio direcionado aos refugiados" faz com que "muitos refugiados sintam que não têm outra escolha a não ser fazer viagens grandes e perigosas para tentarem sair do Líbano".

Os refugiados sírios no Líbano também são muitas vezes "usados por políticos libaneses como bodes expiatórios para a crise económica".

Um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações já reagiu e defendeu que o ACNUR está a trabalhar para que estas pessoas "não se sintam obrigados a recorrer a viagens tão perigosas e mortais em busca de segurança ou se uma vida melhor".

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