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Uma "Adolescência" espanhola? Eis "Pubertat", a nova série da HBO Max

Estreia esta quarta-feira na HBO e é mais um retrato da infiltração do machismo, da violência sexual e do impacto das redes sociais em adolescentes.

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Uma 'Adolescência' espanhola? Eis 'Pubertat', a nova série da HBO Max
Gonçalo Correia 23 de setembro de 2025 às 14:52
Tal como na britânica 'Adolescência', também nesta série a violência de género e o machismo juvenil surgem retatados
Tal como na britânica "Adolescência", também nesta série a violência de género e o machismo juvenil surgem retatados D. R.

A pergunta surge bem cedo no trailer, como mote para toda a série: “Porque achas que o teu nome consta de uma denúncia por agressão sexual?” Ele, um jovem rapaz, garante que “é tudo um erro”. Se será ou não, é o que se ficará a saber ao longo de Pubertat, a nova série espanhola da HBO Max, que se estreia esta quarta-feira, dia 24, na plataforma de streaming. O primeiro episódio fica disponível neste dia; os restantes cinco, chegam ao ritmo de um por semana, sempre às quartas-feiras.

Criada e realizada por Leticia Dolera, atriz, argumentista e cineasta catalã que na televisão destacara-se já como criadora, argumentista e protagonista da série de duas temporadas Vida Perfeita, Pubertat tem com Adolescência, produção de enorme sucesso da Netflix estreada este ano, semelhanças que vão além do título.

Também aqui se filma a infiltração do machismo, da violência sexual e dos efeitos mais nefastos das redes sociais entre os mais novos. Num texto publicado esta terça-feira sobre a série, a revista norte-americana Variety : “De certa forma, Espanha tem a sua própria Adolescência”, lia-se, ainda que “nenhuma empresa possa, mesmo nos seus sonhos mais arrojados, almejar ter tanto sucesso quanto a produtora do drama britânico da Netflix”.

Também aqui com um papel central que lhe garante o domínio criativo da série - é criadora, argumentista, cineasta e integrante do elenco -, Letícia Dolera faz parte, com Xavi Sáez, Betsy Rúrnez, Biel Durán, Anna Alarcón, Lluís Marco e Vicky Peña, do leque mais experimentado do elenco. A maioria dos atores e atrizes adolescentes, informava recentemente a HBO Max em comunicado, são estreantes, têm entre 14 e 15 anos e juntam-se a Carla Quílez, jovem atriz espanhola de 17 anos que já protagonizara anteriormente um filme, La Maternal.

Pubertat é escrita pela HBO como “um drama familiar que explora o peso do tabu e o legado psicológico transmitido de geração em geração”, passando-se numa pequena comunidade na Catalunha em que “a harmonia é abalada quando uma denúncia de agressão sexual explode nas redes sociais, apontando três adolescentes como os autores”. As famílias dividem-se e os pais são desafiados a confrontar-se com um retrato assustador dos seus filhos - tal como se vira, também, numa outra série recente da HBO, a sueca Beartown, igualmente passada numa pequena localidade em que todos se conheceme igualmente sobre suspeitas de crimes sexuais em adolescentes.

Em conferência de imprensa recente, a produtora da série, Miriam Porté, descreveu o financiamento de Pubertat como um processo “muito complexo”, que seria “totalmente impossível sem a HBO”, dado que se trata de “uma série de qualidade, ambiciosa e de grande escala”.

O primeiro episódio da série fica disponível esta quarta-feira, 24 de setembro
A radicalização e machismo crescente entre adolescentes é um dos temas de "Pubertat"
Ao todo, a série conta com seis episódios
O primeiro episódio da série fica disponível esta quarta-feira, 24 de setembro
A radicalização e machismo crescente entre adolescentes é um dos temas de "Pubertat"
Ao todo, a série conta com seis episódios

À revista Variety, a criadora, Letícia Dolera, defendeu: “A série tem múltiplas camadas. Uma delas é o legado, no sentido amplo do termo. Legado cultural e patriarcal e legado psicológico e familiar. Todas as heranças psicológicas, os tabus, a forma como os modelos masculinos são passados de pai para filho e para neto” estão no quadro, referiu. Acrescentou que Pubertat é sobre “refletirmos, enquanto comunidade, num problema que temos e que creio que está a rebentar aos nossos olhos. Tenho a impressão de que há gerações de miúdos que cresceram com um telefone nas mãos e cujos pais estão um pouco perdidos, absorvidos também por um sistema capitalista que os devora e que lhes exige que trabalhem cada vez mais horas por dia, para poderem pagar a casa e tantas outras coisas”.

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