O Theatro Circo vai criar em 2024 um ciclo de música contemporânea chamado Contraponto e receber os norte-americanos Swans, Joe Lovano e o britânico Lloyd Cole até ao fim de abril, anunciou esta quarta-feira a sala de Braga. Já o gnration, na mesma cidade, vai receber concertos do brasileiro Jards Macalé e dos britânicos Alabaster DePlume e James Holden.
Na apresentação da programação do primeiro quadrimestre de 2024, que decorreu esta quarta-feira no gnration (espaço também gerido pelo Theatro Circo), o diretor artístico, Luís Fernandes, salientou aos jornalistas a articulação que se pretende que exista entre os dois espaços, com vocações distintas, mas um pensamento partilhado.
"O facto de termos duas estruturas a programar com equipas profissionais e com ângulos diferentes para assuntos que podem ser similares acarretam e implicam uma riqueza muito grande para esta região e para esta cidade e queremos aproveitar esse potencial", disse Luís Fernandes.
Para 2024, o Theatro Circo vai ter um orçamento total de cerca de seis milhões de euros, que abrange não só o Theatro Circo e o gnration, mas também a conferência anual da rede de Cidades Criativas da UNESCO, a bienal INDEX e as ação preparatórias da Capital Portuguesa da Cultura em 2025, e representa um aumento de 1,5 milhões de euros face a 2023, como explicou a administradora daquela entidade, Joana Meneses Fernandes.
No Theatro Circo, o ano de 2024 vai começar, nos dias 3 e 4, com a companhia de teatro residente, a Companhia de Teatro de Braga (CTB), a encenarAmor de Perdição, destacando-se, no dia 6, oQuarteto para o Fim do Tempo, de Olivier Messiaen, pelo Pluris Ensemble, inserido no novo ciclo Contraponto, dedicado a compositores dos séculos XX e XXI.
"[É] um posicionamento que queremos marcar naquilo que é a programação de música do século XX e XXI, que é sub-representada na maior parte das estruturas nacionais e, portanto, aproximar essa criação e esses compositores dos nossos dias aensembleslocais, alunos das nossas universidades,ensemblesinternacionais e tocar em espaços tão simbólicos como o Theatro Circo", afirmou Luís Fernandes.
No mês de janeiro, o Theatro vai também receberA hora em que não sabíamos nada uns dos outros, da Companhia Olga Roriz, no dia 12, Carlos Bica, no dia seguinte, a apresentarPlaying with Beethoven, para além deO Salto, de Tiago Correia e A Turma, entre as habituais sessões de cinema e outros momentos de programação.
Fevereiro vai assistir à passagem pelo Theatro Circo de[O SISTEMA], de Cristina Planas Leitão, a sessão de cinema de animaçãoPreferia não o fazer, pela Confederação, e a apresentação deO EstrangeiroeAuto da Barca do Inferno, pela CTB.
No mesmo mês, atuam Cristina Branco (no dia 3), Cara de Espelho (dia 24) e há um tributo a José Afonso e Rosalía de Castro pelo Canto D'Aqui (dia 25).
Os norte-americanos Swans, de Michael Gira, voltam a Portugal, onde têm sido presença assídua, para um concerto no dia 20 de fevereiro, com Maria W Horn a abrir.
Em março, o Theatro Circo abre o mês com Miguel Araújo, no dia 2, estando previstos também os espetáculosThreshold, de Mariana Tengner Barros, eUma partícula mais pequena do que um grão de pó, de Sofia Dias e Vítor Roriz, entre outros.
No âmbito do Contraponto, a compositora britânica-indiana Shiva Feshareki vai apresentarTransfigure, com alunos da licenciatura em Música da Universidade do Minho, no dia 16 de março.
Março é também o mês do já anunciado -- e já esgotado - concerto de Patti Smith com o Soundwalk Collective, no dia 24.
Em abril, mês em que celebra os 109 anos, o Theatro Circo vai acolher o concerto do Joe Lovano Trio Tapestry (dia 11),Concerto, de Tiago Cadete (dia 05), e a atuação do coletivo Ars Ad Hoc para interpretar obras de Morton Feldman, Claude Debussy e Igor Stravinsky (dia 13), no contexto do Contraponto.
O 109.º aniversário do Theatro Circo comemora-se no dia 19 de abril, comBate Fado, de Jonas & Lander, um dos destaques das artes performativas da temporada, como disse a programadora da área, Maria Inês Marques.
Abril encerra, no dia 30, com o regresso do britânico Lloyd Cole.
Jards Macalé, MIKE e um dia aberto no gnration
O espaço gnration vai receber, nos primeiros meses de 2024, as presenças do brasileiro Jards Macalé e dos britânicos Alabaster DePlume e James Holden.
Na apresentação da programação do Theatro Circo e do gnration para o primeiro quadrimestre de 2024, foi realçada a articulação que se impõe entre os dois espaços. "O gnration implica, ou tem o condão de nos permitir, por ter uma dimensão mais pequena, alavancar artistas e jovens criadores, ou até às vezes que não sendo jovens nem emergentes são figuras marginais, no bom sentido, que não chegam a grandes públicos. Estas duas medidas completam uma oferta muito interessante para a região Norte", afirmou Luís Fernandes aos jornalistas.
O mês de janeiro arranca com Peter Kutin & Patrick Lechner, no gnration, a apresentarem aperformance Rotor -- Sonic Body, seguindo-se o ciclo de programação órbita, "pensado exclusivamente para o formatoonline", com Carlos Maria Trindade, Má Estrela e Nuno Loureiro.
No final do mês inaugura a exposiçãoEMAP Perspetive #1, da Plataforma Europeia de Media Art (EMAP, na sigla inglesa), à qual o gnration pertence desde 2022.
Em fevereiro, o gnration apresenta o cicloRadiografia, uma "perspetiva sobre novos compositores bracarenses", que começa com a apresentação do álbum de estreia de Pedro Lima,Talking about my Generation, no dia 3, que vai contar também com a instalaçãoTalking about Who?e uma mesa-redonda com a escritora Marta Pais Oliveira, odesignere filósofo Daniel Fraga, o engenheiro de som Hugo Romano Guimarães e o compositor Luís Tinoco.
No dia 17, loscil & Lawrence English apresentamColours of Air, seguindo-se Steve Gunn & David Moore, com o seu álbumReflections Vol. 1: Let the moon be a planet, no dia 23, em que o gnration será também palco para um concerto de Tiago Sousa.
Já no dia 29 de fevereiro, o rapper MIKE sobe ao palco dablackbox, enquanto março começa com o saxofonista britânico Angus Fairbrain, nome por trás do projeto Alabaster Deplume.
No dia 15 de março, dá-se um dos destaques do ano no gnration, com o concerto do brasileiro Jards Macalé, de 80 anos, que vai revisitar o disco homónimo, de 1972, que o gnration descreve como "uma obra-prima, inovadora e desafiante, que juntou o espírito do samba e da bossa nova com a essência ardente do rock, harmonias clássicas e o espírito de improvisação do jazz".
Março prossegue no gnration com Nik Colk Void e MAOTIK (dia 23), entrando depois em abril com Rodrigo Amado, no dia 5.
Até ao final de abril vai ser ainda possível ver a britânica Nabihah Iqbal e XEXA, o Braga International Vídeo Dance Festival e comemorar os 11 anos de existência do espaço, no dia 27, com o habitual gnration Open Day.
Nesse dia, de entrada gratuita, vai ser possível ver atuações de Mafalda BS, mutu, Goela Hiante (de Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu), África Negra, HHY & The Kampala Unit, e James Holden, com novo disco em carteira.