Optimismo das previsões é "risco adicional", alerta Teodora Cardoso
O Conselho de Finanças Públicas foi acusado de ter uma postura ideológica. A presidente do órgão foi contundente: "Nós respeitamos a racionalidade económica"
A presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP), Teodora Cardoso, defendeu, esta segunda-feira, que o optimismo "típico" das previsões económicas em Portugal apresenta riscos e não é solução para os problemas de Portugal. "Não só não é remédio, como pode ser um risco adicional" para sair da actual situação económica, disse Teodora Cardoso na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa sobre o Programa de Estabilidade 2016-2020. A economista sublinhou, ainda, que "a prudência tem de ser muito grande", nomeadamente quanto à envolvente externa.
Teodora Cardoso reforçou a necessidade "de um ajustamento orçamental duradouro" e de rever a lei de enquadramento orçamental, considerando que o período de três anos para a sua implementação é demasiado curto pois não foram criadas as infra-estruturas de administração pública e de análise e implementação de políticas orçamentais necessárias.
Questionada sobre como pode Portugal defender-se face ao cenário de agravamento da conjuntura externa, Teodora Cardoso salientou que são necessárias medidas estruturais, já que o problema de competitividade "não é só uma questão de custos ou níveis salariais", mas passa pela produtividade, diversificação da produção e dos mercados.
O CFP alertou, na semana passada,para uma possível revisão das metas orçamentais inscritas no Programa de Estabilidade 2016-2020, porque as previsões económicas podem não se concretizar – posição que originou muitas críticas. Esta segunda, Teodora Cardoso rejeitou que o órgão consultivo tenha uma postura ideológica, defendendo antes que respeita a racionalidade económica.
"Nós respeitamos a racionalidade económica", assegurou. E rematou: "a nossa posição é que só as políticas de procura não resolvem o problema português. Se considerarmos que são necessárias políticas de oferta, que correspondam a reestruturação da economia portuguesa face ao choque da abertura dos mercados asiático e de leste, se isto é ter ideologia, então assumo que sou ideológica."
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