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OE2019: Bailarinos consideram "muito importante" proposta de profissão de desgaste rápido

14 de outubro de 2018 às 21:40

A versão preliminar do Orçamento do Estado para 2019 foi discutida no sábado, em Conselho de Ministros.

A atribuição do estatuto de profissão de desgaste rápido aos bailarinos, segundo uma versão preliminar da proposta de Orçamento do Estado para 2019, foi este domingo considerada "muito importante" por um representante da Companhia Nacional de Bailado (CNB).

"É muito importante e ficamos muito gratos" com esta proposta, disse José Carlos Oliveira, membro da Comissão de Trabalhadores da CNB contactado pela agência Lusa.

A versão preliminar do Orçamento do Estado para 2019 foi discutida no sábado, em Conselho de Ministros.

"Agora, esperamos que o resultado disso seja aprovar um estatuto para o bailarino da CNB que seja vantajoso, e tenha a concordância daqueles a que se destina", comentou José Carlos Oliveira.

Esta reivindicação, segundo o representante da CT tem sido apresentada ao Governo desde há 35 anos, "mas já era também feita pelos bailarinos do extinto ballet Gulbenkian".

"São equiparadas a profissões de desgaste rápido o bailado clássico ou contemporâneo exercido ao abrigo de contrato de prestação de serviços ou de contrato de trabalho a termo certo", lê-se na secção relativa ao imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), no capítulo dedicado aos impostos directos, da parte fiscal desta versão preliminar da proposta de Orçamento do Estado, para 2019 (OE2019), a que a Lusa teve acesso.

Os bailarinos lutam há décadas pela criação de um estatuto próprio que reconheça as especificidades da profissão de desgaste rápido.

No passado mês de Abril, a CT da CNB levou o assunto ao Grupo de Trabalho sobre o Estatuto do Bailarino, da Comissão do Trabalho da Assembleia da República, a par de outra reivindicação antiga, o estabelecimento de um regime especial de contrato a termo, que "acabe com a situação de precariedade a que estão expostos".

O Grupo de Trabalho tem estado a ouvir, desde a anterior sessão legislativa, representantes dos bailarinos, nomeadamente a Comissão de Trabalhadores da CNB, o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA/STE) e também o presidente do Organismo de Produção Artística (Opart), Carlos Vargas, que tutela a companhia e o Teatro Nacional de São Carlos.

O secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, ouvido em maio, pelo Grupo de Trabalho, disse à Lusa que se congratulava com a iniciativa parlamentar para encontrar "uma solução que dê estabilidade" àqueles profissionais.

Na altura, Miguel Honrado defendeu a necessidade de "fixar a profissão [como] de desgaste rápido, tal como a dos desportistas profissionais", acrescentando que o Governo "está empenhado em criar o Estatuto do Bailarino profissional" até ao fim da legislatura.

Para o Governo, segundo o secretário de Estado, o princípio orientador neste processo tem sido "o reconhecimento do serviço público e o valor social da profissão de bailarino".

As questões de reconversão profissional, pré-reforma e reforma de bailarinos têm estado igualmente em debate, numa polémica sem consenso sobre o estatuto do bailarino, nas duas últimas décadas.

Miguel Honrado, na altura, em declarações à Lusa, após a audição parlamentar, defendeu a necessidade de se criarem alternativas de reconversão profissional dos bailarinos que já não podem prestar actividade artística, escusando-se, no entanto, a fixar uma idade, "porque depende muito de cada caso".

"Actualmente, os bailarinos já se podem reformar por inteiro aos 55 anos, o que configura um regime de excepção", relativamente à idade de reforma de 66 anos, recordou.

No Grupo de Trabalho estão em discussão propostas de decreto-lei sobre o Estatuto do Bailarino elaboradas por PSD/CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes, tendo o PS manifestado disponibilidade para debater a situação destes profissionais.

O objectivo é criar um diploma que estabeleça uma protecção de saúde, acidentes de trabalho e de reconversão profissional específicas para os bailarinos.

De acordo com dados do Opart divulgados no parlamento, e a que a Lusa teve acesso, sobre o perfil da CNB, a companhia reúne actualmente 69 bailarinos - 26 homens e 43 mulheres - com uma idade média de 36 anos.

O custo anual global com os salários dos trabalhadores da CNB ascende a 4,1 milhões de euros, enquanto a estrutura de funcionamento custa 750 mil euros e a programação ascende a 800 mil.

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