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O peso da moda: no Natal o consumo dispara e muito do que é devolvido... é destruído
Em 2024, cada português gerou cerca de 25 kg de resíduos têxteis. E, especialmente pelo Natal, o consumo não dá sinais de abrandamento. Falámos com Susana Fonseca, da associação ZERO.
Com o aproximar do Natal aumenta o stress e também o consumo de vários tipos de produtos. Na última sexta-feira de novembro, dia da popular Black Friday, “a moda foi o setor que mais cresceu, com uma variação de quase 184% no número de compras em comparação com todo o mês de novembro”, dizem os dados nacionais fornecidos pelo SIBS Analytics. Falámos com a vice-presidente da associação ZERO, Susana Fonseca, sobre consumo de roupa, o desperdício, a consciência ambiental e até sobre o que acontece quando devolvemos a uma loja uma camisola que nos fica apertada.
Natal em Lisboa
Mariline Alves
“Quando devolvem o produto, ele nunca mais volta ao mercado”
“A ciência mostra que estamos completamente desequilibrados em termos da utilização dos recursos, face aquilo que o planeta nos pode fornecer de forma equilibrada, ou seja, sem perturbar os seus equilíbrios e as suas dinâmicas”, diz Susana Fonseca, numa conversa com a SÁBADO por telefone. A vice-presidente da ZERO, associação dedicada ao ambiente, revela que um estudo recente concluiu que “oito em dez portugueses acham que devíamos dar mais importância a questões ambientais do que às questões económicas”, ou seja, “compreendemos e concordamos no sentido em que o ambiente é o que suporta a nossa vida”. Mas parece faltar ainda um grande caminho entre o pensar e o fazer. “Não podemos apenas preocupar-nos com as questões ambientais e percebemos que são importantes até para a nossa existência e para o nosso bem-estar e depois continuar a fazer as mesmas coisas que fazíamos antes." Mas há algumas armadilhas no caminho da sustentabilidade e algumas até são bem intencionadas. É o exemplo da possibilidade de deixarmos roupa em contentores disponíveis na rua ou mesmo em lojas de algumas marcas, que “até oferecem vales para as pessoas comprarem mais, continuando a alimentar o modelo”, diz Susana Fonseca, alertando que “as pessoas ficam descansadas, porque agora até têm onde colocar a roupa”. Problema? “Nós neste momento estamos a ter um problema gravíssimo: nós não temos como escoar”. Desde o início do ano que os municípios são obrigados a ter recolha seletiva de têxteis, mas “sem qualquer tipo de financiamento para o fazer”. A ZERO concorda com o sistema, mas considera que “quem tem que pagar é quem coloca os produtos no mercado”, ou seja, as marcas. O problemas são diversos. Por um lado, a enorme quantidade de têxteis, na sua maioria de fibras sintéticas, e a dificuldade em reciclar, uma vez que a roupa mistura várias fibras. Por outro, a baixa qualidade dos produtos. “Numa abordagem que queiramos defender a reutilização, quando temos roupas de baixa qualidade, obviamente é muito mais difícil estimular a sua segunda utilização, porque não tem qualidade”, sublinha a ambientalista. Acresce a questão dos marketplaces internacionais, com produtos baratos que não estão adaptados à legislação europeia, “nomeadamente em termos da presença de substâncias químicas perigosas”. Susana Fonseca defende que “é importante que tenhamos um bocadinho de consciência do que estamos a fazer com o nosso dinheiro”, principalmente porque a mensagem que estamos a passar é “eu não quero saber, eu quero é comprar o mais barato”. “Enquanto cidadãos temos que perceber que temos um papel a desempenhar e temos que começar, se calhar, a pensar um bocadinho porque é que aqueles preços são tão baratos”, desafia.
EPA/Andy Rain
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