Secções
Entrar

Coronavírus: países já têm medidas de 7,3 biliões de euros

09 de abril de 2020 às 15:00

A diretora-geral do FMI revelou que "todos os governos tomaram medidas e que, na realidade, tem havido uma coordenação significativa".

Os países a lutar contra os efeitos da pandemia de covid-19 já implementaram medidas orçamentais de 7,3 biliões de euros (8 triliões de dólares), disse hoje a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) Kristalina Georgieva.

Num discurso transmitido em várias plataformas 'online', a responsável máxima pelo organismo disse que estes valores, que o Fundo vai apresentar em detalhe para a semana, constituem uma "notícia encorajadora", que mostra que "todos os governos tomaram medidas e que, na realidade, tem havido uma coordenação significativa".

Georgieva indicou ainda que "já é claro que o crescimento global passará a ser rapidamente negativo em 2020", sendo que o FMI antecipa o pior cenário económico desde a Grande Depressão.

"Há apenas três meses estimávamos um crescimento positivo 'per capita' nos rendimentos em cerca de 160 dos nossos países membros este ano. Hoje, esse número inverteu-se: agora contamos que perto de 170 nações tenham um crescimento negativo dos rendimentos 'per capita'", alertou a diretora-geral do Fundo, que tem 189 membros.

Para Kristalina Georgieva, a situação dos países mais pobres é a mais preocupante.

"Os mercados emergentes e as nações mais pobres -- desde África, à América Latina e uma parte da Ásia -- apresentam o risco mais elevado. Com sistemas de saúde mais frágeis, muitos enfrentam o desafio assustador de combater o vírus em cidades densamente povoadas e bairros de lata empobrecidos, onde o distanciamento social dificilmente é uma opção", alertou a responsável.

Nestes locais, segundo Georgieva, os habitantes estão expostos a condições financeiras cada vez piores e a um peso insustentável da dívida, tendo estes países já assistido a 92 mil milhões de euros (100 biliões de dólares) de desinvestimentos nos últimos dois meses, um valor "três vezes superior ao registado durante a crise financeira global".

A diretora-geral do FMI indicou que o Fundo conta com perto de 920 mil milhões de euros em termos de capacidade para empréstimos, tendo já recebido perto de 90 pedidos de ajuda de todo o mundo.

O Fundo já aprovou a duplicação do acesso a linhas de emergência, para atingir os 92 mil milhões de euros (100 biliões de dólares) em financiamento, tendo já aprovado "em velocidade recorde" apoios a vários países, incluindo o Ruanda, Madagáscar, Togo e Quirguistão, de acordo com Georgieva.

O FMI pretende estabelecer uma linha de curto prazo de liquidez para "encorajar um apoio adicional" às necessidades de financiamento das nações, além de procurar soluções para ajudar países cuja divida é insustentável.

Para a diretora-geral do FMI, ajudas às famílias e negócios são "absolutamente necessárias", para impedir que problemas de liquidez se transformem em problemas de solvência.

O Fundo aponta quatro prioridades neste momento: "continuar com medidas essenciais de contenção e apoio aos sistemas de saúde", "proteger pessoas afetadas e empresas com medidas de grande dimensão e atempadas", "reduzir o 'stress' do sistema financeiro e evitar contágio" e "planear uma fase de recuperação, minimizando consequências potenciais da crise".

Para a semana irão decorrer as reuniões de primavera do FMI, em formato virtual.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela