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As três mil famílias mais ricas do mundo controlam 13% do PIB global

Luana Augusto 23 de setembro de 2024 às 19:35

Maioria vive na América do Norte, Europa e Austrália e, em conjunto, têm nas suas mãos 13 mil milhões de euros.

No mundo, a riqueza de 3 mil famílias representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB) global, indica um relatório da Oxfam. Estas famílias têm nas suas mãos 14 biliões de dólares (aproximadamente 13 mil milhões de euros), um aumento comparando com 1987, quando haviam acumulado riqueza equivalente a 3% do PIB.  

REUTERS/Edgar Su

A maioria destas famílias vive, de acordo com o jornal espanhol El País, no que a empresa Oxfam chama de "Norte global", que abrange regiões historicamente ricas e poderosas, tais como a América do Norte, Europa e Austrália. 

Estas famílias acumularam tanta riqueza devido às políticas económicas globais concebidas para favorecer os mais ricos, explica a Oxfam. Sabe-se, por exemplo, que entre 1980 e 1990 os governos adotaram medidas neoliberais que priorizaram o crescimento privado em detrimento do bem-estar social. Este desequilíbrio justifica, assim, o facto de 80% das famílias possuírem atualmente menos de um terço da riqueza total.

Duas empresas (Cargill e Cofco, segundo dados do ETC Group de 2022) controlam hoje em dia 40% do mercado global das sementes; três gigantes da tecnologia detêm 75% das receitas publicitárias e 10% das maiores empresas dos Estados Unidos detêm 95% dos lucros empresariais gerados por impostos (segundo o El País). Estes monopólios originaram diversos problemas económicos, segundo o relatório, em que se destaca a evasão fiscal que leva à fuga de capitais de milhares de milhões de dólares que os países em desenvolvimento poderiam investir na melhoria das condições de vida dos seus cidadãos. Estes abusos fiscais, por parte de milionários e empresas, pode custar aos países de baixos rendimentos 47 mil milhões de dólares (42 mil milhões de euros) anuais, sublinha ainda o relatório.

O relatório da Oxfam ressalva ainda o problema das alterações climáticas. Em 2021, mais de 500 lobistas dos combustíveis fósseis, incluindo do Paquistão, Filipinas e Moçambique, estiveram presentes da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26). Dois anos depois após esta reunião, um quarto dos delegados mais ricos presentes haviam feito fortuna em indústrias como a petroquímica, a mineração ou a produção de carne bovina.

A Oxfam destaca, assim, que apenas 1% da população mais rica é responsável por uma quantidade maior de emissões de dióxido de carbono do que os dois terços das famílias mais pobres do planeta. Os mais ricos emitem, em média, três milhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente.

O poder destas famílias estende-se ainda ao direito internacional de propriedade intelectual. A ONG lembra que durante a pandemia as empresas farmacêuticas gastaram milhões em lóbis para garantir a manutenção do direito às vacinas. Isto, "em última análise, contribuiu para um apartheid de vacinas", onde os países mais ricos acumulam doses e impedem outros produtores de aumentar a oferta disponível para os países de rendimento mais baixo. 

Ao citar outros estudos, a Oxfam refere que uma distribuição mais equitativa das vacinas teria evitado até 13,3% das mortes registadas a nível mundial e até 39% em países de baixo rendimento. O impacto da pandemia e das crises geopolíticas aumentaram, assim, as dificuldades orçamentais em muitas economias. 

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