Secções
Entrar

Ricciardi alerta para possível insolvência e "danos irreversíveis"

14 de junho de 2018 às 07:17

Banqueiro diz que "as pessoas não estão a perceber as consequências a nível social e político que pode ter uma situação de insolvência da SAD do Sporting, que é a mola de qualquer clube".

O banqueiro e sócio do Sporting José Maria Ricciardi considera que a SAD "leonina" corre risco de insolvência, caso a crise institucional que atravessa continue a arrastar-se.

1 de 3
Foto: Lusa
Foto: Vítor Chi 

"O Sporting corre o risco de não ter liquidez para fazer face aos seus compromissos nesta actual situação, que se vai arrastar", afirmou Ricciardi à CMTV.

Comentando a suspensão de Bruno de Carvalho decretada na quarta-feira pela comissão de fiscalização designada pela Mesa da Assembleia Geral (MAG) e logo contestada pelo próprio presidente do Conselho Directivo e pela comissão transitória da MAG por si nomeada, Ricciardi diz que não vê um fim à vista e considera que "vai haver danos irreversíveis".

"Vamos assistir a uma nova ida para os tribunais (...). Tudo isto se vai arrastar e amanhã vamos assistir a novas rescisões do plantel do Sporting e o clube ficará em situação financeira cada vez mais difícil", afirmou o antigo membro do Conselho Leonino, que apoiou Bruno Carvalho no seu primeiro mandato e que agora defende a sua saída.

Na opinião de Ricciardi, "se as coisas tivessem corrido normalmente, se o Sporting tivesse ido à Liga dos Campeões, se não houvesse estas rescisões [de Rui Patrício, Daniel Podence, Bruno Fernandes, Gelson Martins, William Carvalho e Bas Dost, que alegaram justa causa] o Sporting tinha um plantel valiosíssimo".

"Iríamos fazer uma nova emissão de obrigações, o Sporting estava a negociar uma recompra de VMOC [valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis] por um valor muito baixo, o que iria diminuir ainda mais o passivo. Como há muitos jogadores da formação que estão por zero no activo, quer dizer que a situação líquida da SAD iria ser ainda maior", afirmou.

Ricciardi vê posta em risco a possibilidade de revender todo o passivo do Sporting a uma terceira entidade bancária, que o iria comprar por um valor mais baixo, contribuindo também para "uma situação líquida muito mais forte". "Bruno de Carvalho, nos últimos meses, deitou tudo a perder. De tal maneira que pergunto como vai ser possível reerguer uma SAD que está a levar um rombo de centenas de milhões de euros", sublinhou.

Ricciardi acrescentou que "as pessoas não estão a perceber as consequências a nível social e político que pode ter uma situação de insolvência da SAD do Sporting, que é a mola de qualquer clube". "Estão a subestimar e acho inaceitável que se vá arrastando penosamente perante a passividade de todas as autoridades. Podem perguntar: 'o que é que podem fazer?'. Não sei, mas se fosse em Inglaterra, na Alemanha, em França ou Espanha, uma situação como esta que se passou, nomeadamente o que aconteceu em Alcochete, já estava resolvida. Este arrastamento que se vai continuar a verificar (...) é muito perigoso, e estamos numa situação limite", completou.

A crise no Sporting desencadeou-se após as agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipa técnica a 15 de Maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, levadas a cabo por cerca de 40 pessoas encapuzadas, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.

Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direcção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Directivo (CD), para 23 de Junho - sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.

O CD, que não reconhece legitimidade a esta decisão, criou uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma AG ordinária para o dia 17 de Junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e marcou uma AG eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de Julho.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela