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Princesa iraquiana culpa media por atitude diferenciadora com mulheres cientistas

11 de fevereiro de 2020 às 22:55

Nisreen El-Hashemite apelou para que as mulheres com destaque na sociedade "assumam liderança" e abram caminho para "mudar a atitude para com as mulheres na ciência".

A princesa iraquiana Nisreen El-Hashemite, médica e geneticista, disse esta terça-feira, numa conferência organizada pela missão portuguesa na Organização das Nações Unidas (ONU), que os media são a principal causa de separação entre os conceitos de mulher e cientista.

No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado pela ONU com uma assembleia coorganizada por Portugal, a iraquiana Nisreen El-Hashemite disse que ser cientista "não é um obstáculo" a ser mulher, mas "o problema número um vem com os media".

"Os media mostram-nos a nós, mulheres na ciência, como 'nerds' (cromas), com óculos. Não mostram que podemos ser bonitas, ser mães, podemos ser tudo. Sabemos brincar, sabemos dançar, cantar. Não é um obstáculo, mas, de facto, o problema número um vem com os media", disse a diretora executiva da organização não-governamental RASIT (Royal Academy of Science International Trust).

A iraquiana falava no lançamento do livro "#February 11", dedicado a este dia internacional, com capítulos escritos por raparigas com menos de 18 anos, ligadas às ciências.

Defendendo que as mulheres nas áreas científicas, cálculos ou engenharias "existem" e "não precisam de ser vistas pelo microscópio", Nisreen El-Hashemite apelou para que as mulheres com destaque na sociedade "assumam liderança" e abram caminho para "mudar a atitude para com as mulheres na ciência".

Com graus académicos em ciências biomédicas, biologia molecular e genética, a especialista acrescentou que "outra parte" do problema de diferenciação é que as mulheres cientistas "não falam por si próprias e não se apresentam", ou faltam aos eventos dedicados porque estão "ocupadas nos laboratórios ou clínicas" e têm outras responsabilidades.

Na visão da ativista, o facto de as cientistas não saberem "apresentar-se" pode ser a causa por que "os patrões não sabem promover e reconhecer" as mulheres. "Não sabemos como pedir os nossos direitos", constatou a médica iraquiana, dizendo que as mulheres ficam "à espera de agradecimentos e da promoção", sem terem coragem de pedir.

"Não precisam de lutar, é só pedir, é o vosso direito", incitou. O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é celebrado na ONU, terça e quarta-feira, com o tema de "Investimento para igualdade na ciência, tecnologia e inovação na era da digitalização para crescimento verde inclusivo", com principal foco dado à agricultura, tecnologia e economia digital.

A assembleia deste dia, a quinta vez em que se comemora, é coorganizada pela Missão Permanente de Portugal junto da ONU, com sete outros países e diversas organizações internacionais.

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