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Descoberta pode esclarecer sobre a formação do Sistema Solar

Daniel Lemos com Leonor Riso 31 de maio de 2024 às 16:06

Presença de monóxido e dióxido de carbono em objetos estelares distantes é "impressionante". Área de investigação continua com "muitas pontas soltas".

Antigos gelos compostos de monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2 respetivamente) foram encontrados em objetos estelares que orbitam o Sol numa região periférica do nosso sistema chamada Cintura de Kuiper, revela agora um recente estudo publicado na revista Nature Astronomy. A descoberta deste grupo de cientistas, que inclui o português Nuno Peixinho, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), aponta que estes gases poderão ter tido um papel na formação do atual Sistema Solar quando este ainda era composto por poeiras e gases há cerca de 4,5 mil milhões de anos. Desta época, restaram estes objetos que a comunidade científica dá o nome de "transneptunianos" (Trans-neptunian Objects ou TNO), portanto, que orbitam depois de Neptuno. 

NASA/Reuters

Os cientistas chegaram a estas conclusões utilizando detetores de infravermelho instalados no recente Telescópio Espacial James Webb (JWST), tornando possível ver com maior detalhe aqueles corpos celestiais. Aliás, "tudo o que vimos com a análise dos dados obtido com o JWST é impressionante e único", diz, em nota de imprensa, Nuno Peixinho.

Chegar até estas informações muito dificilmente teria sido possível antes do lançamento do JWST, dado que o dióxido de carbono, por exemplo, está na grande maioria enterrado nos TNO sob camadas de outros materiais. Tudo isto tendo em conta as radiações cósmicas, que combinam as moléculas do CO2 com outras. Neste ponto, o estudo dá conta de que o CO2 é um elemento até comum no Sistema Solar.
 

"Não esperávamos descobrir que o dióxido de carbono fosse tão omnipresente na região para além de Neptuno, a Cintura de Kuiper, e menos ainda que o monóxido de carbono estivesse presente em tantos TNO. Esta descoberta pode ajudar-nos ainda mais a compreender a formação do nosso Sistema Solar e como estes pequenos objetos celestes podem ter migrado de umas regiões para outras, algo que sabemos ter acontecido, mas que ainda tem muitas pontas soltas" afirma Nuno Peixinho.

Uma destas é referente à origem do monóxido de carbono, que é ainda muito incerta. Uma das pistas que este novo estudo dá é que este gás aparece apenas em objetos que já contém em si muito dióxido de carbono. "Trata-se de um gelo muito volátil. Os dados sugerem que o mais provável é ter sido produzido pela irradiação de outros gelos contendo carbono não sendo, portanto, verdadeiramente original", diz o astrofísico.

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