Secções
Entrar

Covid-19: Sindicato denuncia mobilização forçada de médicos para Reguengos de Monsaraz

05 de julho de 2020 às 10:49

ARS "emitiu uma determinação" que obriga os profissionais "do Agrupamento de Saúde do Alentejo Central, do Hospital do Espírito Santo de Évora e da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano" a prestar "cuidados a tempo inteiro" aos utentes do lar.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) denunciou hoje o que diz ser uma "mobilização forçada de médicos" pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo para o combate ao surto decovid-19de Reguengos de Monsaraz.

Em comunicado, a estrutura sindical diz ter tomado conhecimento de que a ARS "emitiu uma determinação" que obriga os profissionais "do Agrupamento de Saúde (ACES) do Alentejo Central, do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA)" a prestar "cuidados a tempo inteiro" aos utentes do lar onde foi detetado um surto da doença em 18 de junho.

"Uma atitude autocrática que carece de sustentação legal, uma vez que a deslocação para outro concelho diferente do local habitual de trabalho apenas poderá ocorrer se existir concordância expressa do médico", refere o documento enviado à agência Lusa.

Nesse sentido, e por não estar em vigor "qualquer Decreto-Lei de estado de emergência", o SMZS considera "abusiva" a mobilização forçada dos médicos sob a tutela da ARS Alentejo e promete encetar "todas as ações no plano sindical e jurídico que forem necessárias".

"Não pondo em causa o dever de todos os médicos de prestar cuidados, o SMZS informa que já disponibilizou aos seus associados uma minuta de manifestação de indisponibilidade para o cumprimento da determinação autoritária da ARS Alentejo", adianta do comunicado assinado pela direção do sindicato.

O SMZS acusa ainda a ARS Alentejo de fazer uma gestão dos recursos médicos "sem qualquer planeamento" e diz que "a ausência de recursos humanos é da inteira responsabilidade do Ministério da Saúde" e que não pode ser colmatada "à custa da exaustão dos profissionais que estão a linha da frente".

A Lusa contactou a Administração Regional de Saúde do Alentejo e aguarda uma reação às acusações do SMZS.

Em 18 de junho foi detetado um surto de covid-19 no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, que segundo a última atualização da autarquia local já fez nove mortos e tem 143 casos ativos.

Na terça-feira, a ARS Alentejo confirmou à Lusa que suspendeu as férias a todos os médicos, enfermeiros e outros prestadores de cuidados primários do distrito de Évora, até 10 de julho, na sequência do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.

Nesse dia, também o Sindicato Independente dos Médicos lançou críticas à ARS Alentejo, exigindo a revogação imediata da medida e acusando a entidade regional de saúde de não estar a "otimizar os recursos disponíveis para combater da melhor forma" o surto de covid-19 naquele concelho do distrito de Évora.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela