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Como é que o vírus chega ao cérebro? Através de células que protegem neurónios

Lusa 28 de abril de 2021 às 19:31

Astrócitos são uma espécie de sistema imunitário do cérebro e fornecem nutrientes e mecanismos de sinalização para os neurónios funcionarem normalmente. Mas também o caminho do SARS-CoV-2 para o cérebro em algumas formas da doença da covid-19.

Células que normalmente protegem e nutrem os neurónios podem ser o veículo usado pelo coronavírus SARS-CoV-2 para infetar o cérebro, de acordo com uma investigação em que participa um cientista português nos Estados Unidos.

GettyImages

"Os astrócitos são células que normalmente protegem os neurónios, são uma espécie de sistema imunitário do cérebro e fornecem nutrientes e mecanismos de sinalização para os neurónios funcionarem normalmente", disse à agência Lusa o investigador Ricardo Costa, a fazer um pós-doutoramento na Universidade Estadual do Louisiana.

Ricardo Costa é o primeiro autor de um estudo que será apresentado no encontro deste ano da Sociedade Fisiológica norte-americana cujas conclusões apontam para os astrócitos como o caminho do SARS-CoV-2 para o cérebro em algumas formas da doença da covid-19.

Usando métodos moleculares, os investigadores descobriram que "os astrócitos têm potencial para serem infetados pelo vírus porque expressam uma proteína, a ACE2" a que o novo coronavírus se "agarra".

Apesar de os astrócitos parecerem ser mais resistentes à infeção do que os neurónios, é entre as principais células do cérebro que o vírus se espalha mais facilmente, referiu, porque basta o vírus ultrapassar a barreira dos astrócitos, cuja função é transportar nutrientes da corrente sanguínea e manter partículas nocivas à distância da complexa rede de neurónios.

Uma das hipóteses que colocam, decorrente do trabalho de investigação, é que a suscetibilidade de alguns pacientes a danos cerebrais provocados pela covid-19 tenha a ver com a sua carga viral, mas parte da equação é "uma questão de probabilidade".

"Alguns pacientes têm sintomas neurológicos muito graves e nem sequer tiveram muitos sintomas respiratórios, o que é bastante interessante", notou Ricardo Costa.

Ricardo Costa salientou que o projeto está ainda numa fase muito inicial, depois de ter começado em novembro passado, e que o caminho da investigação será "determinar em mais detalhe os mecanismos" da infeção, o que poderá no futuro permitir "mecanismos terapêuticos, por exemplo, uma nova proteína que esteja envolvida".

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