Secções
Entrar

Ativistas pedem preservativos gratuitos e acessíveis em escolas e prisões

12 de fevereiro de 2019 às 16:44

Apesar de já serem distribuídos alguns preservativos nestes locais, ainda não é suficiente, além dos entraves que existem no seu acesso, alegam ativistas.

O Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT) apelou hoje às autoridades para que os preservativos sejam disponibilizados gratuitamente e sem barreiras em todas as escolas, universidades, centros de saúde e prisões para evitar infeções sexualmente transmissíveis.

Apesar de já serem distribuídos alguns preservativos nestes locais, ainda não é suficiente, além dos entraves que existem no seu acesso, porque é sempre necessário passar por um intermediário para os obter, disse o diretor-executivo do GAT, Ricardo Fernandes, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Internacional do Preservativo, que se assinala na quarta-feira.

"Temos sempre de passar por pessoas para obter o preservativo. Nas escolas e noutros sítios temos de ir à psicóloga, nos centros de saúde temos de ir a uma consulta" de planeamento familiar, exemplificou Ricardo Fernandes.

O que o GAT pretende é que "o preservativo esteja acessível às populações que dele necessitam em primeira mão, que não seja preciso intermediários", sugerindo a sua distribuição em "caixas automáticas" nestes locais.

Segundo a organização, a utilização do preservativo tem vindo a diminuir nos últimos 10 anos, considerando que o problema não está tanto na falta de informação, mas no acesso ao preservativo como demonstra o estudo "Vida Sem SIDA", da Universidade de Lisboa, segundo o qual cerca de 97% dos jovens estão bem informados relativamente à sua importância, mas mais de 60% assumem ter relações sem o seu uso.

Ricardo Fernandes adiantou que as populações vulneráveis sabem que o preservativo consegue controlar as infeções sexualmente transmissíveis, mas não o usam.

"Muitas das vezes a razão porque não o usam, e as pessoas não questionam isso, é porque de facto não tem acesso a ele. O preservativo comprado continua a ser dispendioso e gratuitamente não é de fácil acesso", sublinhou.

Para o diretor-executivo do GAT, não é compreensível que "em pleno século XXI" a maioria das escolas não tenha preservativos disponíveis para os jovens que estão a iniciar a sua vida sexual.

"Às escolas juntam-se as prisões, onde também infelizmente o preservativo não existe ou não existe de uma forma de fácil acesso, as pessoas têm de pedir a alguém" para o obter.

Há anos que o GAT defende a criação de um programa ou um plano de prevenção para o VIH e para as doenças sexualmente transmissíveis que indique quais são as populações prioritárias e como se deve atuar em termos de prevenção.

"Hoje em dia a prevenção não é só o preservativo, temos a prevenção combinada temos vários meios preventivos que as pessoas poderão usar em determinadas alturas da sua vida", mas o preservativo é "o mais barato e é extremamente eficaz" na prevenção de infeções sexualmente transmissíveis.

Para ultrapassar a falta deste plano, uma situação que deve ser "colmatada com alguma urgência", o GAT lançou no ano passado o projeto "LOVE Condom", uma unidade móvel que disponibiliza preservativos em lugares estratégicos (grandes eventos como festivais, zonas de diversão noturna, zonas de trabalho sexual) e onde as infeções são mais prevalentes.

Num ano, foram distribuídos 1,5 milhões de preservativos, o que representa "uma grande conquista", disse Ricardo Fernandes, adiantando que o objetivo é aumentar este número em 2019.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela