Sábado – Pense por si

Alaa Murabit: uma ativista acidental

Lucília Galha
Lucília Galha 01 de outubro de 2022 às 10:00

Formou-se em Medicina e queria ser cirurgiã, mas quando a Revolução Líbia começou, envolveu-se na luta pela igualdade de género. Hoje é comissária nas Nações Unidas.

Nunca até aos seus 15 anos se sentira discriminada. Era, literalmente, a filha do meio entre 11: cinco irmãos mais velhos e cinco mais novos. Todos eram tratados por igual. “Cresci numa cultura de meritocracia, era nisso que os meus pais acreditavam e incutiam em mim. Que fosse boa na escola, respeitasse as pessoas, etc.”, diz à SÁBADO. Só quando entrou para a Faculdade de Medicina é que se apercebeu de uma certa desigualdade de tratamento. Alaa Murabit nascera em Saskatoon, no Canadá, mas quando terminou o liceu, os pais decidiram regressar à sua cidade natal na Líbia. Foi lá que tirou o curso. Queria ser cirurgiã, como o pai. “As pessoas reagiam a isso. Diziam-me: ‘As mulheres devem seguir pediatria ou ginecologia.’ Não era com má intenção, até as minhas amigas achavam o mesmo. ‘Como é que vais fazer tantos turnos no hospital? Como vais gerir uma família?’ Foi aí que se começou a tornar explícito que isso não é apropriado para uma mulher”, recorda, numa conversa via Zoom.

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