Português quer nome na descoberta da nau de Vasco da Gama
António Camarão, arqueólogo e historiador português, quer o seu nome na lista de créditos da descoberta da nau portuguesa encontrada numa ilha remota de Omã
Um arqueólogo subaquático e historiador português lamentou hoje o facto de o seu nome não estar na lista de créditos dadescoberta duma nau portuguesaque naufragou no início do século XVI ao largo da costa do sultanato de Omã.
Em declarações à agência Lusa, António Camarão reivindicou a localização da nau e a chefia da primeira escavação preliminar ao largo da ilha Al Hallaniyah, na região de Dhofar, em Omã, onde o navio terá naufragado em 1503.
Segunda-feira, o Ministério do Património e da Cultura de Omã informou que o local do naufrágio foi inicialmente descoberto pela empresa britânica Blue Water Recoveries Ltd. (BWR) em 1998, no 500.º aniversário da descoberta de Vasco da Gama do caminho marítimo para a Índia.
Contudo, o ministério só deu início ao levantamento arqueológico e à escavação em 2013, tendo sido desde então realizadas mais duas escavações em 2014 e 2015, com a recuperação de mais de 2.800 artefactos.
António Camarão lembrou que, em 1998 e 1999, trabalhava para a BWR que, tal como as autoridades de Omã, anunciaram a descoberta dos destroços e respectivo espólio do primeiro naufrágio de portugueses no oceano Índico.
O arqueólogo subaquático, hoje historiador na Câmara Municipal do Barreiro, a sul de Lisboa, com 56 anos, enviou à agência Lusa uma "carta de recomendação" que pediu então ao responsável da BWR, David Mearns, em que é reconhecido o trabalho desenvolvido por António Camarão, "responsabilizando-o" pela localização do achado.
"Enquanto foi nosso funcionário, António foi um membro chave da nossa equipa de investigadores e as descobertas que fez, tanto nos arquivos como no terreno, foram essenciais para o êxito que tivemos na altura. Este trabalho culminou na localização do que pensamos ser os destroços das naus Vicente Sodré e Brás Sodré, uma descoberta arqueológica e histórica de maior importância para Portugal", escreveu David Mearns na carta, datada de 30 de Agosto de 2002.
Nesse sentido, exigiu à BWR que inclua o seu nome na lista de créditos do achado.
Contactado pela Lusa, David Mearns confirmou a existência da "carta de recomendações", que António Camarão trabalhou para a BWR a partir do final de 1998 e que o nome do arqueólogo subaquático português figura na Página de Equipa destacada no sítio da empresa, em que são apresentados os membros da expedição desse ano. "No entanto, a reivindicação de António é errada. A localização exacta do local foi assinalada em Maio de 1998 por dois membros da equipa de então - Peter Cope e Alex Double. António nem sequer estava em Omã nessa expedição, pelo que é impossível reclamar tais créditos", afirmou.
Mearns indicou, por outro lado, que, na carta de recomendações, disse "bem" de António Camarão com o intuito de o "ajudar a procurar novo emprego."
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