Secções
Entrar

Monges cartuxos despedem-se de Évora em outubro

01 de agosto de 2019 às 16:42

A clausura estará aberta a todos os fiéis. Os quatro monges, com 80 e 90 anos, da Ordem da Cartuxa que vivem em clausura vão mudar-se para outro mosteiro.

A despedida dos quatro monges cartuxos que vivem num mosteiro em Évora e vão mudar-se para Espanhaestá marcada para outubro, numa das raras ocasiões em que a clausura é aberta, foi hoje divulgado.

O programa de despedida dos monges da Cartuxa Scala Coeli (Escada do Céu), que vai decorrer entre 06 e 08 de outubro, foi anunciado num comunicado enviado hoje à agência Lusa pelo Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Évora.

O ponto alto das cerimónias está marcado para 08 de outubro, às 18:30, na igreja renascentista do Mosteiro da Cartuxa Scala Coeli, em que o arcebispo de Évora preside à eucaristia de despedida dos monges, estando a clausura aberta a todos os fiéis.

Segundo o programa, no dia 06 de outubro, data em que a Ordem Cartusiana celebra a solenidade do seu fundador, S. Bruno, o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, celebra uma missa na igreja de São Francisco, situada no centro da cidade alentejana.

Durante a eucaristia, decorre a ordenação presbiteral do diácono Paulo Fonseca, de 52 anos, antigo membro da Cartuxa de Évora, onde viveu cinco anos.

No dia seguinte, o já neo-sacerdote Paulo Fonseca celebra, a nível interno, no Mosteiro da Cartuxa Scala Coeli, em Évora, a Missa de Ação de Graças, com a Comunidade Cartusiana.

Os quatro monges da Ordem da Cartuxa que vivem em clausura vão mudar-se para outro mosteiro, em Barcelona (Espanha), segundo revelou, na semana passada, à Lusa um deles.

"O Capítulo Geral da Ordem da Cartuxa decidiu que nós, que somos dois octogenários e dois nonagenários e que já somos poucos para manter isto de pé, iremos para uma Cartuxa espanhola, perto de Barcelona", indicou o padre Antão Lopez, contactado pela Lusa através de telefone.

O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, conhecido localmente como Convento da Cartuxa, "lugar icónico" da cidade de Évora, é o único mosteiro contemplativo masculino de Portugal.

A Fundação Eugénio de Almeida (FEA) é responsável pela Cartuxa de Évora, não apenas enquanto "património histórico, artístico e arquitetónico de grande valor", mas, sobretudo, enquanto "centro de vida espiritual único em Portugal".

São Bruno fundou a Ordem dos Cartuxos, que deve o seu nome à aldeia francesa de Saint Pierre de Chartreuse, perto de Grenoble, para onde o Santo se retirou com seis companheiros para se dedicarem à oração e à vida contemplativa.

A instauração desta ordem em Portugal deveu-se a D. Teotónio de Bragança (1530-1602), sendo o Convento da Cartuxa de Évora dedicado à Virgem Maria, sob a denominação "Scala Coeli", a Escada do Céu.

O convento da cidade alentejana, segundo dados fornecidos à Lusa pela FEA, foi integrado na Fazenda Nacional em 1834, após a extinção das ordens religiosas, e os 13 monges e oito leigos que aí viviam "foram expulsos e os bens confiscados e vendidos ao desbarato".

Em 1869, após o fecho da escola agrícola que, entretanto, viria a ser instalada no espaço, José Maria Eugénio de Almeida comprou o mosteiro, "completamente degradado", e as terras agrícolas circundantes.

O mosteiro foi reconstruído em 1948, por Vasco Maria Eugénio de Almeida, bisneto de José Maria, que o devolveu à Ordem Cartusiana, a qual o reabriu passados 12 anos, de acordo com o modo de vida dos cartuxos, feito de "silêncio, oração e absoluta entrega a Deus".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela