Quando, em 1927, Carl Schmitt escreveu "The Concept of the Political", estabeleceu que toda a acção política deveria ser reconduzida a partir da "distinção amigo-inimigo".
Isso tornou-se um dogma na política portuguesa. Não elegemos estadistas como os definia Churchill (os que pensavam para lá da sua geração) mas sim misturas de CEO com actores que defendem a sua facção contra a contrária. E isso acaba por colocar a discussão política numa dicotomia pobre, que acaba por se reflectir nesta triste crise. Onde apenas se discute o dia-a-dia. A gestão de José Sócrates demoliu o que restava das diferenças substanciais entre o PS e o PSD. No centro lutam para ver quem gere melhor o poder. O drama que se coloca aos portugueses é simples: o PS e o PSD querem o poder para quê? Para além de derrotarem o glutão do défice e da dívida, têm algum modelo para o futuro de Portugal, para a reforma do Estado e para a reorganização do modelo económico? Não aparentam ter. A elite portuguesa é brilhante na sua mediocridade. É incapaz de abrir janelas para o futuro. Discute apenas as migalhas do presente que ainda podem ser divididas. A discussão dos últimos dias entre PS e PSD é uma pura fruição do que sobrar do desastre. O manifesto eleitoral de ambos parece decalcado da gritaria punk dos finais da década de 1970: "No Future"! E é isso que estão a servir aos portugueses como destino. Quando a luta política se dissolve na defesa dos amigos contra os inimigos, sobra pouco para se discutir o mais importante: Portugal.
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Foi o facto de se sentir zangado com a atitude da primeira figura do estado, que impulsionou Henrique Gouveia e Melo a se candidatar ao cargo de quem o pôs furioso.
A ameaça russa já começa a ter repercussões concretas no terreno. É disso exemplo as constantes e descaradas incursões de aeronaves russas, principalmente drones, em território europeu.
A análise dos relatórios oficiais, alicerçada em factos e não em perceções, demonstra que o desempenho do Ministério Público continua a pautar‑se por exigência técnica, rigor e eficácia, mesmo perante constrangimentos evidentes de recursos.